Título: Cresce o investimento nos portos da Bahia
Autor: Patrick Cruz
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2005, Empresas &, p. B8

Portos

O crescimento contínuo da movimentação nos portos baianos vai impulsionar uma nova onda de investimentos nos terminais do Estado nos próximos meses. Os novos projetos exigirão investimentos de cerca de R$ 200 milhões e somam-se a iniciativas que acabam de entrar em operação, como o Porto de Ponta da Laje, terminal próprio da Ford Motor que iniciou suas operações nesta semana. De todos os projetos, o maior é o que prevê a ampliação do Porto de Salvador, plataforma de embarque de produtos do Pólo de Camaçari como petroquímicos e automóveis. A Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) vai lançar em fevereiro o edital de licitação para as obras de ampliação do terminal, que exigirão investimento de R$ 100 milhões. Entre as alterações previstas estão o aumento do calado de 12 para 15 metros e um berço de atracação para navios de 320 metros de comprimento - o limite atual é de 266 metros. Segundo o diretor-presidente da Codeba, Geraldo Simões, a companhia pretende preparar o Porto de Salvador para o começo das operações do chamado "pólo de pneus" da Bahia. A Bridgestone Firestone e Continental estão construindo fábricas em Camaçari, a 45 quilômetros de Salvador, e a Pirelli tem uma unidade em operação em Feira de Santana, a 108 quilômetros da capital. Simões diz que, com as obras, outra prioridade é ampliar os embarques da fruticultura baiana por Salvador. "Queremos tornar o porto uma referência no embarque de frutas", disse. Pelo Porto de Salvador já passam cargas de frutas, mas muito da produção do Estado ainda é despachada ao exterior pelo Porto de Suape, em Pernambuco. A previsão é que o resultado da licitação seja conhecido em abril e que as obras comecem logo depois. A conclusão é estimada para 2008. No Porto de Aratu, o maior da Bahia, está em fase de homologação o início das obras do terminal de grãos da Bunge, que pretende embarcar soja também por esse local. Hoje, os embarques de soja da Bunge no Estado são feitos apenas pelo Porto de Ilhéus, com capacidade de movimentar 1 milhão de toneladas do grão. O custo total da obra será de R$ 40 milhões, segundo Simões. A Tequimar, do ramo químico, deverá ficar a cargo da construção de um terminal de granéis líquidos e um novo cais de atracação no Porto de Aratu, o que consumirá R$ 20 milhões. A Codeba está tentando viabilizar com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) a possibilidade de a obra da Tequimar ser feita por meio de um convênio, o que não exigiria uma concorrência pública. A operadora logística Caboto, ligada ao Grupo H. Dantas e especializada em transportes marítimos, vai investir R$ 3 milhões em melhorias no porto, como a instalação de um novo guindaste no terminal de granéis sólidos. "O Porto de Aratu precisa dessas obras. A ocupação e o movimento já estão acima do razoável", diz Simões. A própria Codeba está investindo outros R$ 14 milhões em mudanças como o aumento da área do pátio de granéis de 36 mil para 42 mil m2 e em uma dragagem de manutenção. Os terminais privados também estão aumentando a capacidade de embarque nos portos baianos. O porto operado pela Ford levou dois anos para ser concluído e recebeu investimentos de R$ 42 milhões. Na semana passada, o Grupo M. Dias Branco começou a operar o Porto de Cotegipe, também localizado na Baía de Aratu. O terminal recebeu cerca de R$ 100 milhões em investimentos na primeira fase, tem um silo com capacidade de 100 mil toneladas e um berço de atracação de 298 metros de comprimento e 14 metros de calado. Segundo Leonardo Barros, sócio da TPC, operadora logística que detém 49% das ações do empreendimento, as prioridades do porto serão a importação de trigo para a fábrica de massas e biscoitos que funcionará no complexo e a exportação de grãos do oeste baiano. O investimento total no projeto é de aproximadamente R$ 1 bilhão.