Título: Evasão escolar alta coloca Brasil em 72º no ranking
Autor: Rodrigo Bittar
Fonte: Valor Econômico, 09/11/2004, Brasil, p. A-4

O Relatório Mundial de Monitoramento do programa Educação para Todos, lançado ontem pela Unesco, indica que as crianças brasileiras de 7 a 14 anos estão estudando cada vez mais, mas destaca que as escolas freqüentadas pela maioria delas não oferecem ensino de qualidade e muitos alunos acabam abandonando as salas de aula antes de completarem a 5ª série do ensino fundamental. O documento avaliou 127 países e o Brasil ficou no 72º lugar, uma posição de médio desenvolvimento educacional e em condições de alcançar parcialmente as metas estabelecidas em 2000 pelo programa Educação para Todos. O Brasil apresentou um desempenho heterogêneo em relação aos critérios analisados. Na universalização do ensino, por exemplo, o país ocupa o 32º lugar do ranking, com aproximadamente 96,5% das crianças na escola. O país ficou em 67º lugar em relação à taxa de alfabetização de adultos; em 66º lugar na comparação do acesso ao ensino entre homens e mulheres; e em 87º lugar em relação à evasão de estudantes após a 5ª série. Esse último indicador, que mostra com mais propriedade a qualidade do ensino, é considerado o maior responsável pela baixa posição brasileira no cômputo geral do ranking. A Unesco ressaltou que não há uma "receita universal" para melhorar a qualidade da educação, mas o relatório indica que uma carga horária diária de 4h25 a 5 horas, no caso brasileiro, poderia influir positivamente no sistema de ensino. Estuda-se no Brasil, em média, 4h15 por dia. O documento aponta ainda a qualificação dos professores como um fator capaz de influir positivamente na qualidade do ensino. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que uma das metas do governo para 2004 é capacitar 80% dos professores do ensino fundamental de 19 Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. "Quase 100 mil professores estão sendo atendidos em programas de formação continuada, por meio de convênios firmados entre as secretarias estaduais e o Ministério da Educação", declarou . O Brasil foi citado como exemplo na América Latina de país que está desenvolvendo alternativas para melhorar a qualidade do ensino. O documento elogia, entre outras iniciativas, o programa Bolsa Escola, as políticas de combate às desigualdades regionais e sociais - por meio do Fundef (Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) - , o treinamento de professores pela tecnologia de ensino a distância e o aumento do número de livros didáticos distribuídos no país. Em seu discurso, Lula reiterou a intenção do governo de instituir um prêmio para prefeituras e Estados que melhorarem os indicadores sociais. "Possivelmente, o prêmio será distribuído a partir de 2006, para que a gente tenha um estímulo para que governos estaduais, prefeituras municipais, entidades não-governamentais e até empresários e personalidades que têm políticas sociais junto à educação sintam-se muito mais motivados para alcançar as Metas do Milênio", concluiu o presidente.