Título: Com direito a comida, mas ainda muito pobres
Autor: Bessa, Sílvia; Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 02/05/2010, Política, p. 2

Eleitas pelo presidente Lula, em 2003, como símbolos do programa de combate à falta de alimentação, a mineira Itinga, a piauiense Guaribas e a pernambucana Brasília Teimosa continuam a conviver com a miséria sete anos depois

Enviado especial a Itinga (MG)

Enviado especial a Guaribas (PI)

Do Recife

Sete anos e meio depois de ter sido criado como principal arma para combater a miséria no país, o Fome Zero provocou mudanças significativas na vida dos moradores das três localidades que viraram uma espécie de símbolo do programa: Itinga, no Vale do Jequitinhonha; Guaribas, no Piauí, e Brasília Teimosa, antigo bairro do Recife. Mas nem por isso o fantasma da miséria deixa de assombrar boa parte da população. No início de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recém-empossado no Palácio do Planalto, e grande parte dos seus ministros escolheram as duas cidades e o bairro do Recife para lançar o Fome Zero. A escolha desses locais foi motivada pelos níveis de pobreza e carência da população. Na época, equipes de reportagem do Correio/Estado de Minas acompanharam a visita de Lula, mostraram a realidade dos moradores e as suas necessidades, além das promessas que foram feitas a eles. Na semana passada, de volta a essas localidades, os repórteres foram verificar o que mudou na vida dos seus habitantes. Guaribas vive hoje em torno do Bolsa Família: 96% dos moradores recebem o benefício, que movimentou a economia da região ao mesmo tempo em que propiciou a melhora nas condições de vida de muitas famílias. Mas, como em 2003, não é difícil encontrar situações de miséria. Em Itinga, mais de 2 mil famílias se sustentam com o Bolsa Família, mas as estatísticas mostram que o quadro social ainda é desolador. Pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro e divulgada quinta-feira coloca a cidade como a pior em qualidade de vida de Minas Gerais. Quanto a Brasília Teimosa, a favela sobre palafitas não existe mais. As mais de 500 famílias que viviam entre ratos e lixo foram transferidas do local, que foi urbanizado e ganhou até espaço de lazer.