Título: Frigoríficos diminuem os abates
Autor: Cibelle Bouças e Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 28/10/2005, Agronegócios, p. B12

A suspeita de febre aftosa em rebanho bovino do Paraná reduziu o abate de suínos na unidade da Perdigão em Carambeí, região dos Campos Gerais, e provocou mudanças nos planos de expansão da cooperativa Frimesa, de Medianeira, região oeste do Estado. Em julho, a Frimesa anunciou investimentos de R$ 35 milhões na ampliação de sua estrutura de abate, industrialização e comercialização de carne e derivados de suínos. Até 2012 o abate diário deverá aumentar das atuais 1,6 mil cabeças para 4,5 mil. O projeto está em negociação no BNDES, no serviço de inspeção federal e nos órgãos ambientais, mas a cooperativa puxou o freio e já fala em atrasar o início das obras, que estava previsto para janeiro e foi adiado para maio ou junho de 2006. "Houve um acidente de percurso e a velocidade da ampliação será reduzida", disse o diretor Elias Zydek. Ele explicou que o mercado externo para carne suína já era pequeno e ficou ainda menor. A cooperativa exporta 18% da produção e, com a ampliação da estrutura, espera elevar o volume para 30%. Do que é embarcado, 50% seguem para a Rússia, 25% para a China, 20% para o Uruguai (que embargou a carne brasileira) e 5% para outros mercados. Hoje cerca de 50% do faturamento da Frimesa, estimado em R$ 530 milhões para 2005, vem da suinocultura. O restante é obtido com derivados lácteos, outro segmento que tem sofrido com os efeitos da aftosa. A cooperativa processava 800 mil litros de leite por dia e reduziu o volume para 650 mil litros. Na fábrica da Perdigão em Carambeí o abate de suínos foi reduzido em 40%, segundo o supervisor de suinocultura, Rodrigo de Barros. "Quando acontece uma crise como essa, levanta-se a poeira e é preciso esperar que ela abaixe para ver o que vai acontecer." Ele contou que, por medidas sanitárias, a empresa deixou de comprar suínos de terceiros. "É uma solução imediatista." Barros disse que, caso as barreiras sejam mantidas, a Perdigão pode alterar o mix de produtos e a unidade passar a fazer mais itens para o mercado interno. Hoje 30% da produção local é exportada. A aftosa também pegou a empresa em um momento de ampliação. As 10 mil matrizes no campo deverão passar para 20 mil até o final de 2006. Hoje a unidade abate 2 mil porcos diariamente. Na fábrica da Sadia, em Toledo, o abate chegou a ser reduzido logo que a notícia da suspeita da aftosa surgiu e os Estados vizinhos fecharam as fronteiras. A Sadia informou que com a flexibilização das barreiras o trabalho voltou ao normal.