Título: PT quer arrecadar R$ 13 milhões entre filiados
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2005, Política, p. A7

Com uma dívida de mais de R$ 40 milhões, o Partido dos Trabalhadores vai lançar uma campanha entre os filiados para arrecadar R$ 13 milhões. Diante da crise financeira, o presidente do partido, Ricardo Berzoini, anunciou que vai mobilizar durante um mês, a partir de 13 de novembro, 13 mil lideranças petistas em todo o país, para que cada uma arrecade R$ 1 mil, entre os 820 mil filiados. O partido deve renegociar com fornecedores e reduzir despesas e gastos com pessoal. A falta de recursos também foi um dos motivos para o adiamento, em quatro meses, do 13º Encontro Nacional do partido, instância máxima para definir a política de alianças para 2006 e o estatuto do PT. Os dois encontros nacionais, previstos um para dezembro e outro para abril, serão unificados neste último. Para reunir 1,2 mil delegados, estima-se gasto de R$ 1,2 milhão. Outra razão para o adiamento é a falta de definições sobre qual será a chapa que o PT vai montar para 2006. Até lá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá tempo para decidir se disputará a reeleição e se manterá a ampla política de alianças com PL e PP. "Se fosse em dezembro, poderia prejudicar a qualidade do encontro. Teremos tempo para garantir boa preparação", afirma Raul Pont, secretário geral do partido. "Temos de fortalecer as direções ", diz Maria do Rosário, segunda vice-presidente. Caso a legislação eleitoral derrube a regra de verticalização, que obriga os partidos a seguirem a mesma política de aliança nos planos nacional, estadual e municipal, o PT poderá atrair o PMDB, que sinaliza participar da disputa pela Presidência com o ex-governador Anthony Garotinho (RJ). A base do encontro é a tese vencedora das eleições internas do partido, de Ricardo Berzoini. Mas com o fim do Campo Majoritário, tendência conservadora a que pertence Berzoini, e o crescimento da esquerda, o documento levado a voto no encontro nacional deverá apresentar mudanças nas políticas de alianças e econômica. As divergências são grandes quanto à tese. Ao contrário do campo de Berzoini, o grupo de Raul Pont descarta alianças com partidos que não sejam PSB e PCdoB. Outras tendências são mais flexíveis, mas querem o distanciamento da direita. Nada foi deliberado sobre o PDT e PPS. O PT convocou uma reunião dos dirigentes para dezembro, para orientar a decisão dos delegados.(Com agências noticiosas)