Título: Atos de apoio a Dilma
Autor: Campbell, Ullisses
Fonte: Correio Braziliense, 02/05/2010, Política, p. 8

Comemorações do Dia do Trabalho em São Paulo viram palanque para a petista

São Paulo ¿ A festa popular mais tradicional do país de comemoração ao Dia do Trabalho virou ontem um palanque eleitoral a favor da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. Em dois eventos em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou as regras eleitorais e fez campanha para a sua candidata. ¿Vocês sabem quem eu quero¿, disse, sob fortes aplausos. O carisma de Lula no primeiro discurso, no Centro de São Paulo, conseguiu até ofuscar a intenção das centrais sindicais, que pretendiam fazer reivindicações, como a redução da jornada de trabalho, o avanço da reforma agrária e o aumento acima de 7% para os aposentados. O discurso de Lula foi o mais enfático até agora, quando se fala em emplacar Dilma Rousseff. Apesar de ele não citar o nome da candidata nas falas mais alteradas, a ex-ministra estava sempre ao seu lado e, algumas vezes, em primeiro plano no palanque. Organizado pela Força Sindical e pela Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), o evento atraiu cerca de 450 mil trabalhadores, segundo previsão da Polícia Militar de São Paulo. Até agora, a festa dos trabalhadores é a maior plateia que Dilma já teve. Ela estava sorridente o tempo todo, principalmente quando Lula a exaltava. ¿Duvido que em qualquer lugar do mundo um presidente vá, após sete anos, a um evento dos trabalhadores¿, disse Lula, emocionado. Em seguida, fez um desafio: ¿Quando deixar a Presidência, vou mandar registrar em cartório tudo o que fiz para quem vier depois de mim ver. E vocês sabem quem eu quero, faça mais¿. Esse é a primeira vez que o presidente comparece a uma festa de Primeiro de Maio em São Paulo. Ele não justificou por que não apareceu nas anteriores, mas previu que será criticado por ter participado justamente da comemoração ocorrida em ano eleitoral e ao lado da sua candidata. ¿Alguns vão dizer agora que é ato político, porque eu vim. Mas nos sete anos em que eu não vim e que os outros vieram não foi político. Não existe problema. Nós, com a mesma tranquilidade, vamos aos outros atos¿, destacou.

Mulheres O discurso da pré-candidata do PT foi voltado às mulheres trabalhadoras e para as conquistas de Lula na área do trabalho. Em determinado momento, a plateia pediu em coro que a petista dançasse o Rebolation. Dilma riu, mas esquivou-se. Preferiu falar sério. Disse que o Brasil tem potencial para se tornar a quinta maior economia do mundo ao final desta década. No entanto, precisa investir na qualidade de vida da população, educação e saúde. ¿O que virá pela frente será muito maior. Teremos Copa e Olimpíadas. Vamos ter mais riqueza, mais salário e mais trabalho¿, discursou. Lula e Dilma eram esperados para outros dois eventos na Grande São Paulo. Pela estimativa das centrais sindicais, cerca de 1,5 milhão de trabalhadores participariam das comemorações do Dia do Trabalho. Já o pré-candidato José Serra (PSDB), que foi convidado pelos trabalhadores a participar do primeiro evento, decidiu declinar do convite. ¿O Serra foi convidado, não veio porque não gosta de trabalhador¿, criticou o deputado Paulinho da Força Sindical (PDT).