Título: Segurança de Bush em Brasília será feita por 1.100 agentes
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 04/11/2005, Brasil, p. A4

Para garantir a proteção do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, do vice Dick Cheney e da secretária de Estado, Condoleeza Rice, durante a visita a Brasília neste fim de semana, serão mobilizados 500 homens da Polícia Federal e do Serviço Secreto dos Estados Unidos, mais 500 homens da Polícia Militar do Distrito Federal e aproximadamente 100 militares da Marinha, Exército e Aeronáutica. Bush chega amanhã à noite e vai embora menos de 24 horas depois, no fim da tarde de domingo. No domingo, está prevista uma manifestação de entidades sindicais e populares contrárias à política externa americana. De acordo com o delegado-chefe da Coordenação Geral de Defesa Institucional da Polícia Federal, Wilson Salles Damazio, já ocorreram mobilizações maiores, envolvendo diversas autoridades e locais diferentes, como na recente reunião da Cúpula Árabe, ocorrida em Brasília. Mas uma operação concentrada, com apenas um chefe de Estado em apenas uma cidade, é fato inédito no país. Ainda não há definição sobre o fechamento do espaço aéreo da capital federal. Segundo o delegado, provavelmente isso ocorrerá, mas será limitado aos locais em que a comitiva americana estiver passando. Atiradores de elite, os chamados "snipers", estarão postados em pontos estratégicos. Os aeroportos de todo país já estão em estado de alerta. A navegação no Lago Paranoá, prática comum aos sábados e domingos, também será restrita. O local estará sendo monitorado por quatro lanchas - duas da Marinha e duas da Polícia Federal. Durante o deslocamento da comitiva presidencial americana, o trânsito da cidade será fechado à circulação de carros de passeio e pedestres. O trajeto será curto: Granja do Torto, Espaço da Corte - casa de eventos localizada no Setor de Clubes Norte - e Hotel Blue Tree Park. O delegado da PF garante que a força policial só será usada se as possíveis manifestações ameaçarem a integridade do presidente americano. Damazio afirma que cartazes, gritos e palavras de ordem não serão reprimidos. "O Brasil é um país livre, com a democracia a pleno vapor." Nas dependências da Granja do Torto, onde o presidente americano vai encontrar-se com Lula na tarde de domingo, caberá ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) assegurar a tranqüilidade de Bush e demais integrantes de seu governo. Por questões estratégicas, o GSI não divulga o número de homens destacados para a operação, mas informa que a varredura do local já foi feita. A visita de Bush ao Brasil começa a provocar alvoroços a partir de hoje. A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que reúne entidades como UNE, MST, CUT, OAB e ABI, entre outras, prevê uma série de eventos para marcar o descontentamento dos brasileiros. "Ele terá a recepção que merece", promete o dirigente da UNE, Gustavo Petta. De acordo com Petta, a intenção é chamar atenção para crescente presença militar dos americanos na América Latina, com bases espalhadas pelo continente. "Somos contrários à intenção dos EUA de instalar uma base militar na região do Chaco, no Paraguai", afirmou. A primeira manifestação ocorre na manhã de hoje, em frente à Catedral de Brasília. A expectativa é que 3 mil pessoas participem do ato. Outras concentrações semelhantes ocorrerão amanhã e domingo, em diversas capitais brasileiras. As manifestações servirão também para o lançamento do abaixo-assinado pela condenação de Bush por crimes contra a humanidade, iniciativa do Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta Pela Paz (Cebrapaz).