Título: Aracruz é o próximo alvo, diz analista
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 04/11/2005, Empresas &, p. B6

Analista do UBS avalia que a Votorantim pode dar uma grande tacada em 2007. "Acredito que a VCP provavelmente irá fazer uma oferta pelo controle da Aracruz no futuro", diz Edmo Chagas, especialista em papel e celulose do banco. Ele menciona essa possibilidade em relatório distribuído anteontem aos clientes, antes do anúncio do novo investimento da VCP. Desde 2001, a família Ermírio de Moraes, dona do grupo Votorantim, faz parte do bloco de controle da Aracruz Celulose, quando pagou US$ 380 milhões ao grupo Anglo American, sediado em Londres, por 28% das ações ordinárias. A aposta do analista do UBS é que a proposta da VCP para a compra viria ao fim da vigência do atual acordo de acionistas, que envolve também o grupo Safra e a família Lorentzen. O acordo vence em 2007. Caso ocorra a compra, a VCP anteciparia em mais de uma década sua meta fixada no planejamento estratégico para alcançar 4 milhões de toneladas de produção de celulose em 2020. A Aracruz deve chegar a 3 milhões de toneladas de celulose este ano. Recentemente, a VCP modificou sua estrutura organizacional, criando um cargo para analisar fusões e aquisições (F&A). Foi escolhido para ocupar a função de planejamento estratégia e F&A da companhia o executivo José Guilherme Gomes, ex-gerente de planejamento estratégico da Votorantim Participações, a holding que reúne os negócios do grupo. Mas Chagas faz ressalvas em relação ao negócio. "Mantendo a opção pela compra da Aracruz, a VCP está sacrificando o crescimento de curto prazo", disse. Em seu relatório, ele manifesta preocupação sobre desempenho das ações da VCP e de outras empresas de papel e celulose, inclusive a Aracruz. Por conta do crescimento nos custos, valorização cambial e mudanças nas expectativas de volume e preços, o analista do UBS reduziu as estimativas de lucro das empresas do setor. Em vez de um lucro de R$ 905 milhões, ele acha que a VCP lucrará quase 30% a menos, ou seja, R$ 636 milhões em 2005. No caso da Aracruz, a previsão este ano cai de R$ 1,33 bilhão para R$ 1,24 bilhão. O analista vê um desafio para o setor, que enfrentará uma supercapacidade de produção de celulose nos próximos anos. Na América Latina, estão previstas novas linhas de produção desta matéria-prima por parte das chilenas CMPC e Copec, a espanhola Ence, a finlandesa Metsa e a brasileira Suzano. (Colaborou Ivo Ribeiro)