Título: Meirelles e Palocci vão ao 'Conselhão' mostrar projeto de redução de spread
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 09/11/2004, Finanças, p. C-2

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, cancelou sua participação na reunião ordinária do BIS (espécie de banco central dos bancos centrais), em Basiléia, na Suíça, para preparar uma exposição do projeto de redução do "spread" bancário, que será apresentada aos membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o "Conselhão". O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, também fará uma apresentação na reunião, marcada para amanhã, no Palácio do Planalto . Desde 1999, o projeto de redução do "spread" bancário vinha sendo tocado exclusivamente pelo BC e pela Fazenda. O CDES resolveu entrar nas discussões porque avalia que - para que as taxas de juros bancários sejam efetivamente reduzidas - será necessária a contribuição do setor privado. O órgão, que tem a função de aconselhar o presidente Lula na formulação de políticas públicas, é composto por representantes do governo, da sociedade civil, de trabalhadores e de empresários. Meirelles foi convidado a participar do encontro em virtude de diagnóstico, feito por entidades empresariais, de que o ritmo de queda nos juros bancários foi apenas ligeiramente mais expressivo do que as reduções promovidas pelo BC nos juros básicos (taxa Selic). De maio de 2003 a março de 2004, o BC chegou a reduzir em 10,5 pontos percentuais os juros básicos (desde setembro voltou a elevá-los em 0,75 ponto percentual), mas as taxas médias aos tomadores finais de crédito caíram 12,5 pontos percentuais no período. O diagnóstico é que os bancos basicamente repassaram aos clientes a redução de custos de captação provocados pelos cortes na Selic, mas não avançaram na redução do "spread". No ano passado, o BC reduziu a alíquota dos depósitos compulsórios não remunerados sobre depósitos à vista, de para 60% para 45%, mas os efeitos sobre os juros bancários foram mínimos. O BC pretende, no médio e longo prazos, reduzir essa alíquota para os níveis internacionais - entre 5% e 15%. A medida deverá ser implementada aos poucos, quando houver condições macroeconômicas, devido aos seus efeitos expansionista sobre a demanda. Os membros da CDES querem trazer os bancos para dentro do debate, para assegurar que os ganhos de medidas como essas sejam efetivamente repassados aos clientes. Para representar Meirelles no encontro do BIS - sua presença estava prevista para ontem -, foi enviado o diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua.