Título: Fazendeiro pega 30 anos
Autor: Foreque, Flávia
Fonte: Correio Braziliense, 02/05/2010, Brasil, p. 12

Homem apontado como um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang é condenado pelo Tribunal do Júri de Belém por homicídio duplamente qualificado

Apontado como um dos mandantes do assassinato da missionária americana Dorothy Stang, em 2005, o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão foi condenado a 30 anos de prisão, em julgamento que terminou na madrugada de ontem, em Belém. Conhecido como Taradão, o fazendeiro é o último dos cinco acusados pelo crime a ser julgado. Três dos condenados, entretanto, já cumprem a pena em regime semiaberto (veja quadro ao lado). A freira, naturalizada brasileira, morreu com seis tiros em uma estrada de terra de Anapu, distante cerca de 300km de Belém (PA). Defensora de trabalhadores rurais, ela provocou a insatisfação de fazendeiros ao condenar a grilagem de terras e defender a criação de assentamentos na região para agricultores de baixa renda. Galvão pegou 29 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado. O fato de a vítima ser idosa ¿Dorothy tinha 73 anos ¿ aumentou a pena em mais um ano. O júri popular, formado por cinco homens e duas mulheres, concluiu que a ação do fazendeiro ocorreu para atender sua ¿cobiça e ambição pessoal¿. A pena será cumprida em regime fechado, sem direito a apelar em liberdade. O resultado do julgamento, conduzido pelo juiz Raimundo Moisés Alves, foi comemorado por amigos e familiares. O irmão da missionária, David Stang, afirmou que a família está muito feliz com o resultado da sentença. O promotor Edson Cardoso lembrou as declarações do pistoleiro Amair da Cunha, que apontou Regivaldo e Vitalmiro Moura, o Bira, como mandantes do crime. O magistrado reforçou a tese de homicídio qualificado, com motivo torpe, promessa de recompensa e uso de meios que impediram a defesa da vítima. Os advogados de defesa, entretanto, negaram a tese de coautoria do crime. No julgamento, o fazendeiro afirmou que se encontrou apenas uma única vez com a missionária, no segundo semestre de 2004, quando deu carona para ela. O advogado Jânio Siqueira, um dos defensores do fazendeiro, afirmou que pretende recorrer da sentença. Durante o julgamento, que começou na manhã de sexta-feira e se estendeu pela madrugada, o juiz precisou intervir aos gritos para evitar um confronto físico entre integrantes do Ministério Público e a defesa do acusado.