Título: Estados do Sudeste perdem participação no PIB
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 07/11/2005, Brasil, p. A2

São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul perderam participação no PIB do país entre 1985 e 2003. Os quatro Estados concentravam, há 20 anos, 65,3% do PIB, e passaram, em 2003, para 61,5%, a mais baixa participação em todo o período. Os números fazem parte de estudo sobre as contas regionais de 2003, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com os governos estaduais. São Paulo foi o Estado que mais contribuiu para a queda: em 2003, teve a participação no PIB mais baixa da série (31,8%). Segundo o IBGE, São Paulo não cresceu em 2003. A indústria, que pesa 35% da economia paulista, ficou estável, e a agropecuária, que representa cerca de 8%, teve queda de 0,5% em razão da retração do consumo. A agropecuária paulista só não teve impacto negativo maior por causa do bom desempenho da produção de cana-de-açúcar. O segundo produto de maior peso na agricultura do Estado, a laranja, teve queda de 10%. Entre as quatro maiores economias do país, o Rio Grande do Sul apresentou o melhor resultado. Além de registrar crescimento de 21% na atividade agropecuária, o Estado teve bom desempenho nos setores industriais voltados para máquinas e implementos agrícolas. Os setores industriais que contribuíram para a expansão foram indústria mecânica e material de transporte. Esse resultado não deverá se repetir nas contas de 2005. Neste ano, o Rio Grande do Sul enfrentou forte queda da produção agrícola em razão da estiagem e o desempenho da indústria de máquinas e equipamentos destinados à agricultura sofreu forte queda em razão da revisão de projeções da colheita. O Rio de Janeiro, a partir de 2000, retomou o patamar de participação de 1985 e, em 2003, obteve o quarto melhor resultado de todo o período da série histórica da pesquisa (12,2%). Enquanto os quatro maiores Estados perdem espaço no PIB brasileiro, um grupo intermediário - integrado por Pernambuco, Distrito Federal, Goiás, Pará, Espírito Santo, Ceará, Amazonas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul - foi o que mais avançou. Em 2003, os resultados com a soja e o milho favoreceram todos os Estados da fronteira agrícola, que tiveram como atividade importante o plantio e o cultivo de grãos. O melhor resultado foi alcançado por Mato Grosso do Sul, com crescimento real de 7,8%, influenciado pela produção de soja e milho. Também contribuiu para o resultado a baixa base de comparação de 2002, quando o desempenho de Mato Grosso do Sul ficou abaixo dos demais Estados da fronteira agrícola. Em relação ao PIB per capita (Produto Interno Bruto dividido pela população do ano de referência), o maior valor continua sendo o do Distrito Federal (R$ 16,9 mil). Porém, em virtude do baixo desempenho econômico da capital do país, a distância em relação à média do Brasil diminuiu. Em 2002, o PIB per capita do Distrito Federal era 2,1 vezes a renda do Brasil e, em 2003, foi de 1,9 vez. Em 2003, o PIB per capita de Mato Grosso (R$ 8,4 mil) e Mato Grosso do Sul (R$ 8,6 mil), que ao longo da série vinham reduzindo a distância para a média brasileira, pela primeira vez ficaram próximos à média do país (R$ 8,7 mil). O Rio de Janeiro (R$ 12,7 mil) se manteve em segundo lugar no ranking do PIB per capita, seguido pelo Estado de São Paulo (R$ 12,6 mil). Os piores resultados continuam sendo os registrados no Maranhão (R$ 2,3 mil) e Piauí (R$ 2,5 mil). Apesar disso, devido ao bom desempenho econômico em 2003, os dois Estados aproximaram-se da média do país com resultados inéditos na série. O PIB per capita do Maranhão passou a representar 30% da renda média nacional. (Agências noticiosas)