Título: Serra ataca Bolsa Família como "assistencialista e eleitoreira"
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 07/11/2005, Política, p. A6

O prefeito de São Paulo, José Serra e o governador do Estado, Geraldo Alckmin, fizeram ontem discursos de candidatos à presidência da República, durante a convenção estadual do PSDB. Alckmin foi recebido com claque e intensamente aplaudido. Sem a mesma recepção, Serra fez discurso mais incisivo: afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cometeu "o maior estelionato eleitoral da história da América Latina" e apresentou uma virtual proposta de campanha. Segundo Serra, o governo petista deve ser criticado pela sua ação social. "Os programas de renda mínima se tornaram em um instrumento de benesse política, eliminando as contrapartidas claras. A Bolsa Família está sendo preparada como instrumento assistencialista de política eleitoral", atacou. Serra disse ainda que o governo está realizando um corte de R$ 2 bilhões no Orçamento da Saúde no próximo ano. "Temos que apresentar o que é responsabilidade fiscal. Não é só cortar gastos, é gastar bem o dinheiro, é fazer mais com menos", disse o prefeito, que em seguido demonstrou desinteresse em sua própria reeleição em 2008. "Temos que pensar se queremos ou não a reeleição no Brasil", disse , ressalvando-se que essa era uma posição pessoal e não partidária. Em sua fala, Alckmin fez um balanço de sua gestão, bateu no governo federal, ao afirmar que "a primeira parceria público privada que o PT fez foi o valerioduto" e mandou um sutil recado a Serra, ao afirmar que a sua permanência à frente do governo municipal seria benéfica para a população: "Destaco que São Paulo é uma cidade feliz, ao eleger um dos mais preparados homens públicos do País para o desafio de governá-la". Os presidenciáveis tucanos evitaram pedir o "impeachment" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O momento é de investigar e não de falar em impedimento. Há uma dúvida sobre a origem de R$ 60 milhões e apurou-se de onde veio R$ 10 milhões . Falta o resto", afirmou o Alckmin, referindo-se aos recursos intermediados pelo empresário Marcos Valério de Souza que foram entregues a petistas e seus aliados. Tanto Serra quanto Alckmin foram lacônicos ao comentar a reportagem publicada esta semana pela revista "Carta Capital", que afirma ter existido no Fundacentro, uma autarquia do ministério do Trabalho, um esquema de pagamentos para as empresas do publicitário Marcos Valério de Souza sem comprovação de serviços prestados, semelhante ao que teria ocorrido agora entre as empresas de Valério e a Visanet, controlada pelo Banco do Brasil. Ambos defenderam investigações. O ex-presidente da Fundacentro na gestão Fernando Henrique, Humberto Parro, confirmou neste domingo a denúncia, mas disse que tomou a iniciativa de abrir as investigações. Parro disse que alertou o Ministério Público e pediu uma auditoria interna.(com agências noticiosas)