Título: Petistas juntam-se à PF e ao BB para desmontar acusação
Autor: Raymundo Costa e Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 07/11/2005, Política, p. A7

As suspeitas de que recursos do Banco do Brasil podem ter abastecido a contabilidade do PT a partir de uma triangulação financeira que passou pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza vai acentuar a briga entre petistas e tucanos nesta semana na CPI Mista dos Correios. O relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), e parlamentares da oposição consideram que são consistentes os indícios de que houve desvio de dinheiro público. O PT e o governo começaram na sexta-feira uma operação na tentativa de desmontar essa tese. Escalado na CPI para contrapor as ilações feitas por Serraglio, o deputado Carlos Abicalil (PT-MT)afirmou com extrema convicção que amanhã a Polícia Federal apresentará à comissão documentos que comprovariam a destinação de todo o dinheiro do BB. O ponto central da acusação dos oposicionistas é que, por enquanto, a DNA não prestou conta de R$ 9,1 milhões em serviços que teria prestado ao BB. "Os documentos contábeis apreendidos pela Polícia Federal darão contas de comprovar que esses serviços foram prestados", disse. Abicalil reconheceu que "existem indícios de irregularidade" nas operações envolvendo a DNA. No entanto, considerou as afirmações feitas pelo relator precipitadas. "Às vezes o espetáculo vale mais que a apuração", disse. A linha de raciocínio do petista é que somente a conclusão da auditoria do BB sobre contratos de publicidade com a DNA poderá confirmar ou afastar as especulações. O sub-relator de Finanças da CPI, Gustavo Fruet (PSDB-PR), concorda. Pondera, porém, que há indícios de operações ilícitas com dinheiro público. Munido de informações sobre as contas da DNA , Abicalil argumentou que Valério tinha contas no BB e que, portanto, lastro para aplicar no mercado financeiro. Abicalil afirmou ainda que desde 2001 era corrente a antecipação de recursos a agências de publicidade do BB a partir do Fundo de Incentivo Visanet. No domingo, uma nova denúncia gerou uma nota à imprensa, desta vez, em defesa do ministro da Fazenda Antônio Palocci. Em resposta à notícia divulgada pela "Folha de São Paulo" de que o ministro teria usado um avião do empresário Roberto Colnagui para ir a uma feira de agronegócios em Ribeirão Preto, em abril de 2004, o Ministério negou tudo. O empresário também é dono de outra aeronave que, segundo a revista "Veja", teria sido usada para transportar US$ 3 milhões supostamente doados pelo governo de Cuba à campanha eleitoral em 2002. Segundo a nota, Palocci foi e voltou da Agrishow em aeronave da FAB. A nota admite que, em "algumas ocasiões" anteriores, Palocci pegou carona no jato de Colnagui, com quem "mantém relações cordiais". Mas esclarece isso ocorreu durante a campanha eleitoral de 2002 .(colaborou Mônica Izaguirre, de Brasília)