Título: Missões já renderam US$ 757 milhões, garante Apex
Autor: Sergio Leo e Vinícius Dória
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2004, Brasil, p. A-2

Bons resultados no comércio e incógnitas em matéria de investimento em infra-estrutura marcam os preparativos para a visita do presidente da China, Hu Jintao, que chega amanhã ao Brasil. Os interesses nos investimentos chineses em infra-estrutura, anunciados em visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, em maio, ainda não saíram das fases de negociação, e aguardam a votação do projeto de parcerias público-privadas, no Congresso. Mas, na avaliação do governo, os dois países têm a comemorar avanços na aproximação comercial, com negócios que devem incrementar em US$ 757,4 milhões as exportações brasileiras. No campo comercial, há satisfação do governo brasileiro com as missões empresariais realizadas nos últimos meses. O presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex), Juan Quirós, contestou com veemência as declarações do secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, Renato Amorim, e de empresários do setor, que acusaram, em entrevista ao Valor, o governo de lentidão e falta de planejamento na conquista do mercado chinês. Em 2003, lembra Quirós, a Apex contratou uma consultoria especializada nesse mercado, a Sino-Trust, para identificar estratégias de curto e de médio prazos para o país. Com o estudo, em setembro do ano passado, a agência encomendou, também, um estudo da Universidade de Xangai para identificar as regiões onde os produtos brasileiros de exportação poderiam conquistar mercados, também em curto e médio prazos. Com os resultados, a Apex recrutou 85 empresas brasileiras e as levou em missão de contatos com oito a doze potenciais clientes selecionados pelos consultores. "Nesses contatos, foram fechados negócios de US$ 462 milhões", garante Quirós, que também é conselheiro do Conselho Empresarial Brasil-China. Para ele, o secretário-executivo do conselho "não está bem-informado". A estratégia da Apex para a China envolve a identificação e exploração de nichos de mercado e a divulgação da imagem do Brasil, diz Quirós. Só empresas com mercado já identificado são convidadas a encontros com compradores pré-selecionados. Entre os treze setores que fizeram negociações bem-sucedidas com os chineses na missão comercial de junho estão o de cafés especiais, equipamentos médicos, móveis, software, cosméticos, pedras e gemas, cachaça e frutas processadas. As 13 missões realizadas entre março e setembro garantiram vendas calculadas pelos próprios empresários em US$ 757,4 milhões, informa o executivo. O presidente Lula e o presidente chinês devem assinar ainda uma série de acordos sanitários e fitossanitários para ampliar o comércio bilateral de produtos do agronegócio. A China deve retirar barreiras que impedem a entrada de carne bovina in natura do Brasil, abrindo um mercado que pode render ao país mais de US$ 600 milhões. As exportações de suco de laranja também serão facilitadas. Como contrapartida, o governo brasileiro vai facilitar a entrada de frutas, como lichia e longan, e tripas de suínos da China. Ontem, os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e da Administração Geral da Supervisão da Qualidade, Inspeção e Quarentena da China, Li Chiangjiang, se reuniram em Brasília para definir os termos finais dos acordos.