Título: Blairo Maggi defende PPS no governo
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2004, Política, p. A-8

O projeto do presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), de fundir o partido com o PDT e lançar um candidato próprio à Presidência da República em 2006 se enfraqueceu ontem, depois do encontro da Executiva e de outros dirigentes do partido, em Brasília. Apontado como um dos principais nomes da sigla para disputar uma eleição majoritária, o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, condenou as articulações para a sucessão em 2006 e considerou "prematuro" o afastamento do governo federal. O governador declarou-se ainda publicamente solidário com o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, em rota de colisão com Freire por se opor ao rompimento do partido com o governo. "Não temos músculos para disputar uma eleição presidencial com chance de vitória. Se não há chance, não há porque lançar candidato", disse Maggi em seu discurso, segundo relato da assessoria de imprensa do partido. Presente na reunião, Ciro Gomes não se pronunciou, mas orquestrou a reação contrária: reuniu-se antes do encontro com dirigentes do PPS, que bombardearam a aproximação do partido com a oposição. O afastamento de Maggi em relação a Freire começou logo na abertura da reunião. Convidado para compor a mesa, Maggi declinou. "Em solidariedade ao ministro Ciro Gomes, que não foi chamado, prefiro ficar na platéia", disse. Diante do clima de resistência Freire iniciou o encontro procurando tranqüilizar o partido. Afirmou que agirá com prudência, procurando ouvir todo o partido. Adiou a discussão sobre a permanência ou não do PPS como sigla governista. "O PPS é base de sustentação do governo, não tem dois PPS, um do governo e um da oposição", afirmou. Freire leu a nota oficial aprovada pela Executiva em que se afirma que "no limite" - uma expressão ressaltada várias vezes - poderá se fundir com o PDT. O objetivo inicial, segundo a nota, é " tendo como horizonte próximo as eleições de 2006 (...) desenvolver, desde logo, esforços para consolidar ações comuns em todos os níveis da federação". Já conhecidas, outras reações contrárias ao projeto de Freire se confirmaram. O governador do Amazonas, Eduardo Braga, e a prefeita reeleita de Boa Vista, Tereza Jucá, não compareceram. Os representantes do PPS no Amazonas e em Roraima, o presidente da Assembléia Legislativa amazonense Lino Chicharo e a deputada Maria Helena, mencionaram os problemas regionais para a aproximação. O primeiro cobrou uma posição sobre o Palácio do Planalto: "Nós vamos nos unir com o PDT para quê? Estamos nos furtando de ter a discussão se somos governo ou oposição. Devemos debater qual é o nosso caminho". Do lado do PDT, as resistências à aproximação também partem dos detentores de mandato executivo. "Discutir 2006 agora, nem pensar", disse ontem o prefeito eleito de Salvador, o pedetista João Henrique. "A minha responsabilidade é a questão administrativa. Se a fusão favorecer a governabilidade ou não atrapalhá-la, ótimo. Caso contrário, não". O prefeito eleito de Salvador afirmou que há uma dissonância consentida entre o tom de oposição da bancada do PDT e o de aproximação com o governo dos prefeitos do partido. (CF)