Título: Analistas projetam resultado recorde para a Vale
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2004, Empresas, p. B-3
A Companhia Vale do Rio Doce caminha para ter mais um ano de resultados recordes. A empresa anuncia hoje os números do terceiro trimestre. Na média das projeções dos analistas levantadas pela Thomson Financial, o lucro líquido esperado é de R$ 1,78 bilhão, 40% maior que o do mesmo período do ano passado. Caso seja confirmado, este será o maior ganho trimestral de sua história em valores ajustados pela inflação (IPCA). O lucro estimado da Vale supera o da Gerdau, de R$ 1 bilhão e dos bancos Itaú (R$ 920 milhões) e Bradesco (R$ 752 milhões). Outros números confirmam a expectativa de excelente performance da mineradora entre julho e setembro. A geração operacional de caixa projetado pela Thomson é de R$ 1,79 bilhão e a receita líquida de R$ 3,47 bilhões. Esses números estão em patamar semelhante aos registrados pela companhia em 2002, quando o dólar chegou perto de R$ 4. Hoje, com o dólar em patamar mais baixo, a Vale poderá apresentar faturamento semelhante, apoiado nos altos preços do minério de ferro e no crescimento do volume de vendas no período, estimado em 5,3% pela analista Catarina Pedrosa, do Banif. O analista Pedro Galdi, da ABN Amro Real Corretora, calcula um lucro maior que o projetado pela Thomson. Ele trabalha com ganho líquido de R$ 2,5 bilhões para a empresa, geração de caixa (lajida) de R$ 1,8 bilhão e receita líquida de R$ 3,5 bilhões. "Estimei um lucro maior que o lajida porque a empresa deverá contabilizar neste trimestre R$ 500 milhões pela venda à Arcelor de sua participação na Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST)." O analista levantou ainda números para o balanço acumulado em nove meses, calculando um lucro líquido de R$ 5,2 bilhões, mais receita líquida de R$ 9,5 bilhões e lajida de R$ 4,9 bilhões. Para todo o ano de 2004, ele estima novos recordes, com a Vale fechando com lucro de R$ 7,8 bilhões, lajida de R$ 6,8 bilhões e receita líquida de R$ 13,3 bilhões. "Este será o ano da Vale", prevê Galdi. No cenário traçado pelos analistas, a excelente performance da mineradora de ferro deve-se ao aumento de vendas e á alta das cotações do metal, que neste ano subiram 18,6% em média e poderão subir em 2005 algo entre 20% e 25%, dada a manutenção da demanda aquecida. "A Vale e a Caemi estão operando dia e noite na parte de extração de minério e mesmo assim continuam comprando minério de terceiros para atender pedidos dos clientes", lembra Galdi. Ele relata ainda que os portos que exportam o minério da Vale estão com filas de sete a oito navios para serem carregados. Catarina Pedrosa, do Banif, espera lucro líquido de R$ 1,96 bilhão para a companhia, acima da média da Thomson, e 53% superior ao do mesmo período de 2003. No seu relatório, divulgado ontem, ela avalia que o lucro da mineradora deverá ser positivamente afetado por conta de receita líquida financeira de R$ 119 milhões, devido à valorização de 8% do real no período, comportamento diverso do ocorrido no segundo trimestre. Sua projeção de receita para a empresa é de R$ 3,5 bilhões ou 29% acima do terceiro trimestre de 2003. Para a geração de caixa, ela trabalha com R$ 1,79 bilhão, ou 19% acima do terceiro trimestre de 2003. Catarina tem a expectativa de uma melhora na margem lajida da companhia para 51,8%, diante dos 51,1% registrados no segundo trimestre. O balanço já irá mostras as vendas de cobre pela Vale. A mina de cobre de Sossego começou a operar em julho.