Título: Lucro trimestral da CSN cresce 242
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2004, Empresas, p. B-5

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) registrou lucro líquido de R$ 694 milhões no terceiro trimestre de 2004, resultado 242% superior ao de igual período do ano passado. A alta dos preços do aço no mercado doméstico, equiparáveis aos do mercado europeu, foram determinantes no resultado. De janeiro a setembro, a empresa lucrou R$ 1,45 bilhão, com alta de 102% sobre nove meses de 2003. É o maior lucro acumulado pela companhia, para o período de nove meses, desde 1990, segundo a consultora Economática. O mercado considerou positivos os resultados da empresa. Luiz Caetano, do Banco Brascan, elogiou o desempenho, embora os números tenham ficado abaixo de suas projeções por força de provisões de Imposto de Renda maiores do que as esperadas e de um volume de vendas abaixo do previsto. No terceiro trimestre, a CSN vendeu 1,2 milhão de toneladas, com queda de 8% sobre julho-setembro de 2003. Do volume total, 76% destinaram-se ao mercado interno e 24% foram exportadas para as subsidiárias no exterior: a CSN LLC, nos EUA, e a Lusosider, da qual a siderúrgica brasileira detém 50%. Os bons preços alavancaram a receita líquida, que ficou em R$ 2,7 bilhões no trimestre, com alta de 56% sobre igual período de 2003. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida) ficou em R$ 1,3 bilhão de julho a setembro, com aumento de 82,2% sobre igual período do ano passado. A dívida líquida consolidada, em 30 de setembro, era de R$ 5,1 bilhões, montante inferior em R$ 875 milhões em relação ao final de junho deste ano. O diretor-presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, previu que o cenário positivo dos últimos meses será mantido no quarto trimestre do ano e que 2005 terá preços médios mais altos do que os de 2004. Vasco Dias, diretor comercial da CSN, acrescentou que os preços devem se manter estáveis no último trimestre na Europa e na América do Sul, na faixa dos US$ 650 FOB por tonelada para a bobina a quente. Ele também estimou uma melhoria nos preços do primeiro trimestre de 2005 por força da retomada da demanda por aço nos Estados Unidos. Em comunicado, Steinbruch avaliou o movimento de consolidação pelo qual passa a siderurgia mundial. Segundo ele, os investimentos em andamento, como a expansão da mina de Casa de Pedra, e futuros projetos, como o aumento da produção de aço bruto no Brasil, asseguram à CSN posição de "evidência" na siderurgia mundial. O diretor de investimentos e relações com investidores da CSN, Lauro Rezende, acrescentou que o plano da CSN é crescer e se internacionalizar: "Não temos planos de ser uma das maiores (siderúrgicas) do mundo. Nos contentamos em ser a que ganha mais dinheiro", ironizou Rezende. Ele salientou que a CSN terá papel de consolidador na indústria e que a decisão de ampliar a capacidade de produção de aço bruto no país dependerá da compra de ativos de laminação nos Estados Unidos e na Europa. A empresa analisa dois caminhos: construir um novo alto-forno, com capacidade de 2,5 milhões de toneladas/ano em Volta Redonda (RJ), ou construir uma usina, de 5 milhões de toneladas/ano, em Itaguaí, no estado do Rio, ou em Minas Gerais. O investimento, voltado para a exportação, não foi submetido a apreciação do conselho de administração da CSN, o que ainda não tem data para ocorrer. No total, a CSN irá investir US$ 782 milhões no seu projeto de expansão, entre mineração e infra-estrutura portuária. A mina de Casa de Pedra será ampliada dos atuais 16 milhões de toneladas para 40 milhões de toneladas/ano. A empresa também vai criar estrutura para exportar 31 milhões de toneladas de minério de ferro por ano pelo porto de Sepetiba, no litoral Sul fluminense, onde já importa carvão e movimenta contêineres. O plano também inclui a implantação de uma usina de pelotização com capacidade de 6 milhões de toneladas/ano perto do porto ou da mina. O diretor comercial da CSN afirmou que a decisão sobre o projeto será feita com base no mérito econômico e não apenas nos incentivos fiscais oferecidos por Rio e Minas Gerais, estados que disputam o investimento.