Título: Cartão de crédito na selva
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2004, Finanças, p. C-3

A cidade de Autazes é uma das 5,2 mil localidades selecionadas pela administradora de cartões de crédito e débito Visa para implantar seu projeto de interiorização. Município de apenas 25 mil habitantes, isolado na selva amazônica, Autazes tem várias lojas que aceitam cartões de crédito e débito Visa. O projeto de interiorização foi lançado no ano 2000 e envolveu a Visa, a VisaNet (empresa que faz a captura e transmissão das compras feitas com cartões da marca nos pontos de venda) e os grandes bancos de varejo - Bradesco e Banco do Brasil. As grandes marcas de cartões de crédito Visa e MasterCard já anunciaram de público a intenção de investir não só em ampliar a base de cartões mas também para aumentar o uso do plástico. A interiorização se encaixa nessa estratégia. Antonio Castilho, diretor executivo da VisaNet, afirma que a linha mestra do processo de interiorização da marca tem como objetivo maior "criar uma rede de aceitação para os cartões de crédito Visa e Visa Electron em todos os 5,5 mil municípios brasileiros". Até agora, a empresa conseguiu atingir 5,1 mil e na verdade nunca chegará a todas as cidades porque, segundo o diretor da VisaNet, "algumas localidades não têm qualquer atividade econômica", portanto estão fora do alvo da empresa. Um balanço do projeto mostra que, em 1998, o cartão de crédito só era aceito nas capitais e cidades litorâneas. Naquele ano, o cartão Visa era aceito em 80 mil estabelecimentos comerciais. Hoje, diz Castilho, a Visa tem 800 mil estabelecimentos afiliados, número já bem próximo do total estimado de 1,1 milhão de casas comerciais formais em todo país. Dos 800 mil estabelecimentos, mais da metade (450 mil) estão equipados para fazer transações eletrônicas. Levar a máquina leitora de cartões para cidades afastadas como Autazes exigiu um subsídio aos comerciantes que aderiram. O custo do equipamento, de quase R$ 90, foi reduzido para menos da metade, R$ 40 a 45. "Tudo é subsidiado pela comissão de comercialização", explicou Castilho, referindo-se à taxa que a administradora cobra dos comerciantes, que varia de 1% a 4% sobre cada transação.(JR)