Título: CPI dos Correios tenta conter guerra de vaidades
Autor: Maria Lúcia Delgado e Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 09/11/2005, Política, p. A4

Os integrantes da CPI Mista dos Correios tentaram equacionar ontem, numa reunião administrativa fechada, as disputas provocadas por vaidades. Foi protocolado na Mesa Diretora do Congresso o requerimento, com assinaturas de 222 deputados e 30 senadores, para que o funcionamento da CPI seja prorrogado até o dia 11 de abril de 2006. O requerimento deverá ser lido hoje em plenário. O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse que tentará agendar uma reunião amanhã com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para tratar do compartilhamento de investigações da Polícia Federal com a comissão. Os membros da CPI consideram que há dificuldades de acesso a procedimentos da PF, sobretudo nas investigações referentes às movimentações financeiras no exterior nas contas do publicitário Duda Mendonça, que confessou ter recebido recursos do PT no exterior como pagamento por serviços prestados na campanha eleitoral. Ontem o Ministério da Justiça recebeu a documentação das das movimentações de Duda Mendonça através da off-shore criada nas Bahamas, chamada Dusseldorf (ver também página A5). Na reunião, Delcídio tentou apaziguar a briga entre o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR) e o sub-relator de Finanças, Gustavo Fruet (PSDB-PR). Serraglio teria ficado irritado com as declarações dadas por Fruet à imprensa, antecipando dados do relatório parcial em que sugerirá ao Ministério Público o indiciamento do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. "É uma guerra de vaidade, de holofotes. Azedou geral o clima. Está muito ruim", disse um membro da CPI. Havia até a possibilidade de adiamento da votação do relatório parcial. Delcídio Amaral disse ao Valor que está mantida a votação do relatório na quinta-feira. Segundo ele, a guerra de vaidades não tem sentido e não pode ameaçar o bom momento da CPI. O relatório parcial não deve abordar os dados da auditoria feita pelo próprio Banco do Brasil sobre gastos de publicidade pelo fundo Visanet. Fruet está aguardando a conclusão da auditoria do BB. (MLD)