Título: Saída não abalaria mercado
Autor: Claudia Safatle, Cristiano Romero e Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2005, Política, p. A9

A eventual saída do ministro Antônio Palocci do governo não assusta mais o mercado financeiro. Pelo menos é o que mostra enquete feita ontem pelo banco Dresdner Kleinwort Wasserstein (DrKW) com 45 grandes investidores. O DrKW perguntou se a saída de Palocci mudaria a percepção quanto ao risco Brasil e qual seria a reação do mercado. Nada menos que 42 dos consultados mostraram confiança na solidez da economia brasileira, apostando que não haveria mudança na política econômica em caso de substituição do ministro da Fazenda. Os entrevistados disseram que a reação inicial do mercado seria negativa, marcada por uma venda de ativos brasileiros. Mas esse movimento tenderia a ser visto como uma oportunidade de compra. "Qualquer aumento na percepção de risco ou desvalorização do real atrairia investidores que consideram os ativos brasileiros caros nos atuais níveis", afirma o economista-sênior para a América Latina do DrKW, Nuno Camara. Segundo ele, Palocci é muito bem visto pelo mercado e continua a ser tido como um dos pilares da estabilidade. A questão é que hoje as políticas parecem mais importantes do que as pessoas, na visão do mercado, afirma Camara. A percepção é de que, se o ministro deixar o governo, a política econômica será mantida. "O resultado da enquete parece um reflexo da abundante liquidez internacional, mas também inegavelmente um sinal de que os fundamentos brasileiros melhoraram significativamente", diz Camara. Ele diz considerar improvável que Palocci deixe o governo no curto prazo.