Título: Petróleo, furacão e China fazem EUA ter déficit comercial recorde
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2005, Política, p. A11
Balança Em mês excepcional, combustível puxou importações e furacão segurou exportações
O déficit comercial americano bateu novo recorde em setembro, fechando a US$ 66,1 bilhões, segundo dados divulgados ontem pelo Departamento do Comércio. As importações, como tem ocorrido nos últimos meses, continuaram subindo com a alta das compras de petróleo. E as exportações tiveram a maior queda em quatro anos, como resultado do furação Katrina, que impediu embarques de mercadorias. Para analistas, o resultado de setembro foi excepcional e não deverá se repetir nos próximos meses. "A economia americana foi mais afetada em setembro e outubro pelos furacões, mas esse efeito irá desaparecer", disse Dean Maki, economista-chefe do Barclays Capital, em Nova York. "Pesquisas de novembro já mostram os americanos mais confiantes devido à queda recente nos preços dos combustíveis, o que deverá elevar os gastos nos meses seguintes", acrescentou. Os preços da gasolina nos EUA registraram queda de 23% desde setembro, e os custos com importação de petróleo e produtos ligados à energia caíram em outubro. Isso sugere que o déficit comercial dos EUA também deverá diminuir. O buraco nas contas comerciais dos EUA em setembro foi maior que o previsto pelos economistas e superou os US$ 59,3 bilhões registrados em agosto. As importações cresceram 2,4%, para US$ 171,3 bilhões, enquanto as exportações caíram 2,6%, para US$ 105,2 bilhões. Os EUA importaram em petróleo e derivados o equivalente a US$ 23,8 bilhões, pagando mais por esses produtos depois da passagem dos furacões Katrina e Rita no Golfo do México. O déficit com a China atingiu o nível recorde de US$ 20,1 bilhões no mês, o que deverá pressionar ainda mais Pequim, que receberá na semana que vem a primeira visita do presidente George W. Bush. O aumento das compras da China, que também superou a expectativa de economistas, se explica pelo fato de os varejistas americanos estarem fazendo estoque para as vendas de Natal. Para os primeiros nove meses deste ano, o déficit com a China atingiu US$ 146,3 bilhões, comparado com os US$ 114,3 bilhões do mesmo período de 2004. O déficit com a China fez com que a Casa Branca aumentasse a pressão sobre Pequim para que tomasse medidas no sentido de flexibilizar a sua moeda e restringir as exportações. Os EUA e outros países acusam a China de manter sua moeda artificialmente baixa como forma de aumentar a atratividade por seus produtos, que se tornam mais baratos no mercado externo. Nesta semana, os dois países fecharam um acordo para limitar a entrada de 34 categorias de têxteis chineses no mercado americano por um período de três anos. A União Européia fez acordo semelhante com Pequim.