Título: Aparelhos serão usados para fazer pagamentos
Autor: Talita Moreira e Ricardo Cesar
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2005, Empresas &, p. B3

Pegar um cineminha no fim de semana sem ter de enfrentar filas para comprar ingresso parece improvável. A não ser que você pegue o celular, digite um código e receba a entrada para o filme na tela do celular. Esse é o modelo de um serviço que está em teste na Brasil Telecom GSM, operadora de telefonia móvel da Brasil Telecom. O cliente envia uma mensagem pelo celular, adquire o ingresso e recebe de volta um código de barras. Na porta do cinema, basta passar o telefone pela leitora. O serviço não está funcionando porque a Brasil Telecom ainda não tem contratos com bancos. Mas é uma amostra do que está por vir. Para testá-lo, a operadora fez parceria com a rede Cinesystems e distribuiu entre seus clientes 200 ingressos para o filme "Noiva Cadáver", de Tim Burton. "A empresa está pronta para entregar um comprovante ao cliente", afirma o diretor de novos negócios da BrT, Paulo Matos. Transformar o celular numa carteira é outra - e, talvez, a mais cobiçada - vertente do uso da telefonia móvel para serviços bancários. Não faltam exemplos de projetos em fase final de testes. A Vivo quer oferecer a possibilidade de fazer pagamentos com o celular a partir do próximo ano, depois de ter estudado o serviço ao longo dos últimos quatro anos. "Quem entrar primeiro poderá oferecer os melhores acordos", diz o gerente de serviços de pagamento, Sergio Goldstein. A 6BB0, empresa que trabalhou no desenvolvimento do ingresso móvel da BrT, também criou um sistema de venda de passagens de ônibus e está em negociação com duas teles. Rita D'Andrea, sócia-diretora da empresa, observa que o mercado de celulares surgiu muito centrado em serviços de entretenimento, mas agora começa a haver a percepção de que pode ser usado como ferramenta de negócios. Bancos e empresas de cartão de crédito já se deram conta disso e estudam modelos para implantar comercialmente sistemas dessa natureza. Mas está longe de haver consenso sobre qual é o formato ideal para esse mercado. Além de meio de pagamento, o celular poderá ser uma ferramenta adicional de segurança para transações fechadas via internet. O Banco do Brasil está analisando um serviço desse tipo, segundo a gerente de sistemas do projeto "mobile", Gabriela Cantuária. O modelo prevê o uso do telefone móvel para confirmar compras feitas pela internet. A instituição estatal também está testando a aquisição de produtos usando apenas o aparelho. A Visa e a Mastercard, duas das maiores bandeiras de cartão de crédito do mundo, têm feito pesquisas e dão os primeiros passos nessa área. No entanto, os projetos ainda são incipientes. "Para massificar um serviço como esse é preciso passar por um processo criterioso do ponto de vista de segurança", afirma o vice-presidente de produtos da Mastercard, Murilo Barbosa. Segundo ele, experiências feitas pela companhia nos EUA e na Europa mostraram que o celular pode ser uma ferramenta atraente para levar o estabelecimento comercial aonde o cliente está - por exemplo, fazer compras ou pagar uma fatura remotamente. "Mas num restaurante, a pessoa costuma ter o cartão de crédito no banco, e aí não faz tanto sentido", avalia. (TM)