Título: Plenário absolve Mabel por falta de provas
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2005, Política, p. A10

Às 19h38 de ontem, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), iniciou a contagem dos votos do já esperado arquivamento do processo de cassação do deputado Sandro Mabel (PL-GO). Como no Conselho de Ética, o líder do PL foi absolvido pelos colegas em plenário. O relatório do deputado Benedito de Lira (PP-AL) havia isentado o parlamentar goiano de qualquer participação no esquema de pagamento de mesada a colegas, por falta de provas. Por 340 votos a 108, Mabel manteve o cargo de deputado federal. Houve ainda 17 abstenções e dois sufrágios foram anulados. A votação era tão esperada e aguardada, que Mabel chegou a brincar em seu discurso de defesa. Sorridente, agradeceu a todos os deputados pelo apoio, como quem comemorava a absolvição antes da votação. "Voltei a andar de cabeça erguida. Meu julgamento hoje (ontem) irá sanar qualquer dúvida." O clima era totalmente favorável a Mabel. Ao final de seu dircurso, foi bastante aplaudido pelos pares. Aldo abriu a palavra a deputados para defenderem ou não o relatório de Benedito de Lira. Inaldo Leitão (PL-PB) fez a defesa do correligionário. Luciana Genro (PSol-RS) e João Batista de Oliveira, o Babá (PSol-PA), subiram na tribuna para pedir a cassação de Mabel. "A absolvição de Mabel é parte de um grande acerto construído para tentar mostrar à opinião pública que o mensalão não existiu", discursou a deputada. O parlamentar do Pará chegou a ser vaiado durante seu discurso. Às 20h10, o presidente da Câmara leu o voto de número 257, número mínimo para aprovação do relatório de Benedito de Lira. "É o fim do pesadelo. Quando nós temos a verdade do nosso lado, tudo caminha bem. Sofri uma tortura sem precedentes", disse um emocionado Mabel ao final da contagem. Mabel foi acusado de oferecer R$ 1 milhão mais uma mesada de R$ 30 mil para a deputada federal Raquel Teixeira (PSDB-GO) mudar de partido. A denúncia foi feita pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) no dia 7 de junho. O tucano disse ter ouvido da parlamentar a história do convite financiado. A afirmação foi confirmada por Raquel no dia 22 de junho. Diante das acusações, o PTB apresentou representação junto ao Conselho de Ética no dia 8 de agosto e pediu a cassação do parlamentar. Em acareação realizada no Conselho de Ética entre os dois parlamentares, não se chegou a nenhuma conclusão. Os dois trocaram acusações e as investigações não avançaram. "As testemunhas do processo disciplinar não presenciaram nenhuma ação ilícita do representado. Não há prova contundente de suposta proposta indecorosa à deputada Raquel Teixeira", escreveu o deputado Benedito de Lira, em seu voto. E completou: "Não estou dizendo que ele é inocente. Apenas peço o arquivamento por falta de provas. Não digo que a deputada Raquel Teixeira mentiu, digo apenas que provas não foram apresentadas. A deputada depôs na condição de testemunha e não de acusadora. Acusador é o PTB e nós não encontramos provas das acusações".