Título: Visita e críticas
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Fonte: Correio Braziliense, 02/05/2010, Mundo, p. 23

Atacado por demora na atuação, Obama chega hoje à região do vazamento de petróleo Pescador devolve caranguejos ao mar: suspeita de contaminação atinge duramente a economia de estados litorâneos Depois de receber críticas de diferentes setores do país, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, decidiu visitar a região do Golfo do México, afetada por um vazamento de petróleo que causou alarme em três estados americanos. A viagem de Obama deve ocorrer hoje, 11 dias após a ruptura de um poço de petróleo da empresa britânica BP, que provocou o vazamento de milhões de litros de óleo ¿ pesquisadores indicam que são cerca de cinco mil barris (quase 800 mil litros) por dia. O jornal The New York Times considerou ontem ¿simplista¿ o fato de a administração Obama acusar somente a empresa britânica, e destacou que ¿o governo federal também teve chance de atuar mais rápido, mas não o fez, enquanto esperava uma decisão da BP para (conter) o avanço do vazamento¿. Para recuperar o tempo perdido, outra medida de Obama anunciada ontem se refere à paralisação de novos projetos para a exploração de petróleo na região. A produção foi suspensa em duas plataformas no Golfo do México, e outra foi evacuada por precaução. Segundo o assessor da Casa Branca David Axelrod, Obama determinou que ¿nenhuma nova perfuração seria autorizada até que tenha sido determinado o que ocorreu¿ e se saiba se se trata de ¿um fato excepcional ou de algo que poderia ter sido evitado¿. Obama enviou oficiais federais para a região e pediu um relatório ao Secretário de Interior, Ken Salazar, sobre as causas da explosão na plataforma. O departamento de Justiça pedirá também uma investigação criminal. Os novos contratos ficarão suspensos por 30 dias, tempo previsto para a análise das causas do acidente. O vazamento é cinco vezes maior do que o previsto e foi considerado catástrofe nacional nos EUA. Os estados do Alabama, Louisiania e Flórida declararam estado de emergência, alegando que o acidente é uma séria ameaça ao ambiente e à economia. A extensa mancha de óleo ameaça a exploração de peixes e camarões na região, assim como a vida silvestre ¿ lontras, pelicanos e outros pássaros que passam pelo vazamento. O serviço de proteção ambiental do país tenta proteger as espécies ameaçadas, mas teme que o episódio seja o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos. Até o momento, uma lona gigantesca foi montada no oceano para conter o avanço da mancha de petróleo, arrastada pelos fortes ventos, mas o esforço tem se mostrado insuficiente. Obama prometeu ¿usar todo e qualquer recurso disponível¿ e mobilizou os militares. O governo pressiona ainda a BP e exige mais respostas da empresa contra o derramamento. ¿Claramente, após várias tentativas malsucedidas de proteger a fonte do vazamento, está na hora de a BP ampliar sua atual mobilização, enquanto a mancha de petróleo se move em direção à costa¿, disse a secretária norte-americana de Segurança Doméstica, Janet Napolitano. Na sexta-feira, Obama assegurou que a produção interna de petróleo é parte da estratégia energética do país, mas reiterou que a exploração deve ser feita de forma responsável, para garantir a segurança dos trabalhadores e do meio ambiente.