Título: Para Pastore, saída é acelerar redução da Selic
Autor: Angelo Pavini
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2005, Finanças, p. C2

A solução para a queda acentuada do dólar no mercado é o Comitê de Política Monetária (Copom) acelerar a redução das taxas de juros já na próxima reunião, diz o ex-presidente do Banco Central (BC), Affonso Celso Pastore. Segundo ele, em uma economia com atividade econômica se desaquecendo e moeda se valorizando, o que resta ao BC é baixar os juros de maneira mais rápida. Para Pastore, se a autoridade monetária for conservadora, ela pode aprofundar a redução do juro para 0,75 ponto percentual já no próximo Copom. Ele acha, contudo, que uma redução de 1 ponto percentual seria razoável e não representaria perigo para a inflação uma vez que a atividade está desaquecida. E lembrou que a estratégia de compra de moeda não é suficiente para segurar o dólar e ainda provoca um aumento de emissão de reais que têm de ser esterelizados com emissão de títulos e aumento da dívida interna. Os números de atividade econômica abaixo do esperado reforçam a idéia de que a autoridade monetária deve reduzir mais rapidamente os juros, diz o ex-diretor de Política Monetária do BC e sócio da Mauá Investimentos Luiz Fernando Figueiredo. Para ele, os indicadores de atividade do terceiro trimestre e a pressão sobre o câmbio podem levar o BC a ampliar o corte da taxa Selic para mais de 0,5 ponto percentual. A projeção de Figueiredo para a Selic no fim do ano é de 18% ou menos. Segundo ele, o dólar reflete o bom cenário internacional - que aumenta as exportações brasileiras -, o risco-país menor e um juro local muito alto. "Existe um preço errado na economia, que é a taxa de juros", disse Figueiredo, acrescentando que se o BC não estivesse comprando dólares, "a moeda americana estaria abaixo de R$ 2 com certeza". Para o ex-presidente do BC Gustavo Franco, da Rio Bravo, a queda do dólar está mais relacionada com a conta comercial do que com a conta de capitais. Por isso, uma alteração nos juros não teria efeito tão expressivo. Franco não acredita que o BC vá mudar o ritmo de baixa nos juros. Os três economistas participaram do 2º Seminário da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) de mercado de capitais.