Título: Juros e eleições preocupam fundações
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2005, Finanças, p. C3

Fundos de Pensão Carteiras rendem menos que os referenciais na renda fixa; "benchmarks" podem ser alterados

Os rumos da taxa básica de juros e as eleições presidenciais são os fatores que mais preocupam os fundos de pensão em 2006, revela uma pesquisa da Mercer Investment Consulting, que ouviu 102 fundações. Este ano, apesar dos juros estratosféricos, a grande maioria delas não conseguiu bons resultados na renda fixa, registrando ganhos abaixo dos referenciais. "Em um cenário com juros em queda, os gestores terão que buscar alternativas diferentes de investimento e terão que mostrar maior eficiência", diz Thyrso Pizzoferrato, consultor da Mercer. Na média, as carteiras de renda fixa dos fundos ganharam 13,27% este ano (até setembro), abaixo dos 14,12% da Selic ou dos 14,09% da Certificado de Depósito Interbancário (CDI), os referenciais mais usados pelas fundações. Maior exposição em títulos pré-fixados e/ou indexados à inflação são as explicações para os ganhos abaixo da meta. Uma das soluções dos fundos para o problema é mudar o referencial da renda fixa. A pesquisa da Mercer mostra que 13,5% das fundações já pensam em alterar o "benchmark" em 2006. A grande maioria (82%), porém, diz que prefere manter os atuais referencias. Com relação ao IMA, o índice composto pelos mais diferentes papéis de renda fixa calculado pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima) e lançado este ano, os fundos mostram cautela: 81,6% dizem que aguardarão um maior histórico para avaliar sua adoção. Outros 5,7% pensam em adotar o IMA apenas para os papéis atrelados à inflação. Em 2005, 68% das fundações pesquisadas utilizaram como referencial o CDI e 13,8% a Selic. Na média, 83,4% do patrimônio das carteiras de investimento dos fundos ficou na renda fixa, pouco abaixo da alocação de 2004 (85,3%). A renda variável ficou com 16,6% (acima dos 14,7% do ano anterior) e os imóveis com 1,9% (igual a 2004). Na renda variável, os fundos conseguiram superar os referenciais: ganho de 28,1% frente a 27,14% do IBrX (índice da Bolsa de Valores de São Paulo). Outras conclusões da pesquisa é que 40,4% das fundações fazem gestão ativa dos recursos, ou seja, procuram superar sempre os referenciais. Apenas 12,4% fazem a gestão passiva (que busca apenas reproduzir os benchmarks); os 47,2% restantes optaram por uma gestão mista. A maioria das fundações (63,3%) prefere terceirizar totalmente a gestão dos recursos. Na média, utilizam 3,4 gestores, mas há fundos com até 10 gestores diferentes. Para os fundos, os dois fatores mais importantes quando buscam um gestor são: a equipe e a filosofia de investimento do gestor. Na pesquisa, a Mercer ouviu 102 fundos de pensão com patrimônio total de R$ 45 bilhões.