Título: Comércio porta-a-porta cresce e fatura, até setembro, R$ 8,6 bilhões
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2005, Empresas &, p. B6

Venda direta Brasil consome mais produtos de higiene pessoal, principalmente sabonete e xampu

O comércio porta-a-porta - tido como um dos poucos segmentos que não apenas resiste a crises como chega a se beneficiar delas - continua em alta no país. Na contramão dos últimos índices macroeconômicos, que apontam desaceleração, o setor registrou um crescimento de 18% no volume de vendas no terceiro trimestre de 2005 depois de fechar o primeiro semestre com uma alta de 22%. No ano, até setembro, as vendas pelo canal direto somaram R$ 8,6 bilhões, 19,4% acima dos R$ 7,2 bilhões faturados no mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD). O exército de consultoras, responsáveis por alimentar os resultados do setor, também cresceu. Entre 1999 e 2003, o número de revendedores ativos ficou estável em 1,2 milhão. No ano passado, porém, houve um salto de 21%, atingindo 1,5 milhão de consultores - marca que se manteve até setembro deste ano. Somente a Avon responde por 66% desse total. A multinacional americana de cosméticos alcançou este ano a festejada marca de 1 milhão de revendedoras, a maior força de venda direta da empresa no mundo - ao todo, a empresa reúne 4,9 milhões de pessoas. A Avon, inclusive, está na mídia com uma campanha para anunciar a conquista. A Natura divulgou no balanço do terceiro trimestre um total de 475,1 mil consultoras no Brasil e 34 mil na América Latina. "Trata-se de um importante complemento de renda, por isso cada vez mais gente ingressa no sistema", afirma Rodolfo Gutilla, presidente da ADVB. Em número de revendedoras, as duas empresas representam mais de 95% do setor. Em vendas, Natura e Avon também são as grandes locomotivas do segmento. Estima-se que sejam responsáveis por mais de 70% do total. Além de ser impulsionado pelos bons resultados de Natura e Avon - a primeira aumentou seu lucro líquido em 30,4% no terceiro trimestre, enquanto a americana estima um faturamento 20% maior este ano no Brasil - o setor também tem tido incremento de vendas em categorias menores, como suplementos alimentares. "É um mercado atraente, que as empresas têm olhado como uma boa oportunidade de negócios", diz Gutilla. Entre as companhias de vendas diretas que vendem o produto estão Herbalife e Nu Skin. Quarto maior país em vendas diretas, o Brasil começa a se destacar na venda de outros produtos, além dos tradicionais perfumes e cosméticos. O principal destaque é a área de higiene pessoal, especialmente sabonete e xampu, algo que não acontece em países consagrados na venda direta como Estados Unidos e Japão. "É um fenômeno brasileiro muito interessante e mostra uma mudança cultural", diz Gutilla. O comércio porta-a-porta representa 24% das vendas de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, segundo dados da Abihpec. No caso dos sabonetes, a venda direta já representa 13% do total. Um mérito, considerando-se o fato de ser um produto de consumo rápido. "Há produtos diferenciados dos que existem nas gôndolas", afirma o presidente da ADVB. Os preços dos sabonetes, diz Gutilla, até encolheram na venda direta, o que garantiu maior competição com os produtos oferecidos nos supermercados. Os setores tradicionais na venda direta, porém, mantiveram a performance positiva. De acordo com pesquisa da Abihpec de 2004, 69% dos perfumes são vendidos via revendedores. Outro segmento que cresce nesse modelo de vendas são os cuidados com a pele. Metade dos produtos vendidos na área são pelo sistema direto.