Título: Total trará gás da Bolívia para usina de Paracambi
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2005, Empresas &, p. B8

A francesa Electricité de France (EDF) e a petroleira Total assinaram no Rio um contrato de fornecimento de 2 milhões de metros cúbicos de gás por dia com a Companhia Estadual de Gás (CEG), controlada pela Gas Natural. O gás é destinado à térmica de Paracambi, da EDF, projeto para geração de 480 MW que tinha sido interrompido depois dos franceses investirem US$ 100 milhões na compra de turbinas, que ainda estão no Japão. O detalhe inovador do contrato é que ele prevê a oferta de gás produzido pela Total na Bolívia - onde é sócia da Petrobras e da Repsol, nos campos de San Alberto e San Antonio - e que hoje é transportado pelo Brasil através do Gasbol. O gasoduto é controlado pela Petrobras, que também tem contrato para usar toda a atual capacidade de 30 milhões de metros cúbicos/dia, que vai atingir capacidade plena em 2006. Para driblar a falta de oferta do insumo no Brasil, a Total vai se habilitar junto à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para participar da expansão do Gasbol, como explicou o diretor de exploração da companhia no Brasil, Candido Cardoso. Com o gás da Total, a EDF pretende colocar Paracambi no leilão de energia nova, que será realizado em dezembro pelo Ministério de Minas e Energia. Além de sinalizar que a EDF não pretende se desfazer de ativos de geração no Brasil, embora continue buscando um sócio para a Light, o contrato foi comemorado pelo secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio, Wagner Victer. "Eu só posso abençoar essa união. O contrato foi assinado pela Total, pela Gas Natural e pela EDF, que são grandes empresas. Ele permitirá a presença de outro fornecedor no leilão de energia o que será um excelente balizador de preços", disse Victer, ressaltando que até agora a maior presença é da Petrobras, dona da maioria das térmicas a gás construídas no país. Para o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), autor do projeto de Lei de Gás no Senado, a intenção manifestada pela estatal de estudar alternativas ao Gasoduto Sudeste Nordeste (Gasene) é "inaceitável". Para ele, isso seria transformado "em uma batalha não jurídica, mas política". E disse estar "preocupado" com a autorização do governo para entrada de térmicas emergenciais, a óleo, no leilão de energia nova. Elas podem obter contratos de 15 anos, tomando espaço de projetos estruturantes, como o gasoduto, além do impacto ambiental.