Título: Corrente de comércio dobra em dez anos
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2005, Brasil, p. A5

Comércio exterior Soma de exportações e importações do país deverá atingir 30% do PIB no próximo ano

A corrente de comércio brasileira, que representa a soma das exportações e importações do país, pode atingir 30% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006, mais do que o dobro do que era em 1997 (14%), de acordo com estimativas do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho. De janeiro a setembro deste ano, o fluxo de comércio externo totalizou US$ 141 bilhões, o que representa um crescimento de 22% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 115 bilhões). Pelos cálculos da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), as exportações totalizarão este ano US$ 117 bilhões, enquanto as importações somarão US$ 74 bilhões, o que resultaria numa corrente de comércio de US$ 191 bilhões. Em 2004 a corrente foi de US$ 159 bilhões, ou 26% do PIB. "Uma corrente de comércio de 30% significa uma ampliação considerável do grau de abertura do comércio brasileiro", disse Ramalho, durante almoço com empresários promovido pela Câmara de Comércio Americana (Amcham). Dados publicados recentemente pela revista inglesa "The Economist" revelam, no entanto, que mesmo que o Brasil caminhe para um grau de abertura da ordem de 30%, ainda estará aquém de países como a China (72%), Coréia (71%) e México (59%). Para Ramalho, as importações do Brasil podem ser consideradas simples do ponto de vista operacional, uma vez que a grande maioria dos produtos importados pelo país está dispensada de licença não-automática, ou seja, o importador pode comprar um produto no exterior e autorizar o embarque sem a licença prévia do governo brasileiro. "Não temos travas administrativas. Temos uma média tarifária na faixa de 10%. Em muitos países, a alíquota do imposto de importação aumenta dependendo da quantidade. No Brasil isso não existe. É simples", disse Ramalho. Ao falar sobre a próxima reunião ministerial da OMC em Hong Kong, o secretário-executivo adiantou que a tônica do encontro para o Brasil será a abertura das barreiras comerciais. Segundo ele, para que o Brasil possa, no âmbito do Mercosul, ofertar e ampliar a abertura da economia brasileira, inclusive com a perspectiva de redução das tarifas de importação, é fundamental que do outro lado os países desenvolvidos se comprometam a reduzir as barreiras tarifárias e os subsídios internos dos produtos agrícolas. De acordo com Ramalho, a negociação não deve colocar o produto industrial em segundo plano. "O ministério está consultando a indústria, buscando compreender a posição da indústria para saber, teoricamente, pelo menos, até onde é possível um processo de negociação com redução [de tarifas]. Não significa que isso será adotado e mesmo que tenhamos um processo como esse, de uma provável oferta brasileira, só será colocada em negociação se também forem alcançados avanços nas outras áreas de interesse que as economias em desenvolvimento têm, como a agrícola", disse Ramalho.