Título: Empresária de Santo André nega remessa
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2005, Política, p. A6

A proprietária da Havaí Turismo, Nelma Cunha, nega com veemência que tenha feito qualquer remessa de valores ao exterior. "Minha empresa é uma agência de turismo e de câmbio de pequeno porte", diz Nelma, mesmo quando confrontada com a informação de que há documentos comprobatórios dessas remessas. Nelma diz ainda que as declarações de Toninho da Barcelona de que ela trabalhava para políticos de Santo André são descabidas e foram desmentidas no depoimento que o doleiro prestou a sessão conjunta das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) dos Bingos, Correios e Compra de Votos. De acordo com ela, o doleiro fez as acusações em um momento de desespero e, ao envolvê-la, quis obter benefícios da delação premiada. "Você imagina como ele, condenado a 25 de prisão, deve estar desesperado. Imagino que tenha me colocado na história por eu trabalhar em Santo André. Como em qualquer ramo, as pessoas dessa área se conhecem." Questionada se conhece políticos petistas ou se já prestou serviços a alguns deles, Nelma, em um primeiro momento, afirmou que "político não vai em balcão de agência". Reformulada a questão sobre o envio de emissários de políticos à sua agência, ela negou veementemente. "Não, nunca." O Valor conseguiu conversar com Nelma após três semanas de negociações. A dificuldade inicial era que Nelma exigia a presença do seu advogado, que mora em Curitiba, na entrevista. A proprietária da Havaí acabou aceitando falar sem seu advogado, mas com a condição de que ela soubesse das perguntas com antecedência. O encontro foi marcado em uma suíte de um hotel frente ao aeroporto de Congonhas. A doleira estava vestida num abrigo colante azul e rosa e se fazia acompanhar por seu cachorro da raça shitzu