Título: Interrupção das investigações e vazamentos irritam promotoria de NY
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2005, Política, p. A6

Os parlamentares da CPI dos Correios que embarcam amanhã para Nova York deverá enfrentar dificuldades junto à justiça americana. A promotoria de Nova York não está disposta a ceder informações para a CPI por causa da má experiência durante as investigações da CPI do Banestado. Na época, a promotoria de Nova York irritou-se com o excesso de vazamentos das informações passadas à CPI e especialmente com a falta de progresso nas investigações posteriores sobre operações de lavagem de dinheiro. A proibição de vazamento durante as investigações é seguida pela promotoria até que haja indiciamento ou condenação. Promotores responsáveis por vazamentos podem ser processados. Os integrantes das CPIs investem em duas frentes de investigação nesta semana para buscar as origens dos recursos do chamado "valerioduto´´, o esquema de distribuição de dinheiro a parlamentares montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, em conjunto com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Amanhã, a cúpula da CPI dos Correios vai a Nova York, atrás das contas externas que poderiam ter abastecido o esquema. O presidente, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e o sub-relator Gustavo Fruet (PSDB-PR) devem se encontrar na quarta-feira com a diretora da divisão criminal do Departamento de Justiça americano, Mary Ellen Walrow, e no dia seguinte, com o procurador-chefe do Estado de Nova York, Robert Morguental. O objetivo é conseguir acesso aos documentos sigilosos a respeito da conta Dusseldorf, aberta pelo publicitário Duda Mendonça, segundo depoimento dele mesmo, para receber seu pagamento pelos serviços prestados à campanha do PT em 2002. Os integrantes da CPI também esperam rastrear as contas que teriam abastecido a Dusseldorf e que seriam o "fio da meada´´ para rastrear os canais externos do "valerioduto´´. O empresário Marcos Valério mantém ainda sua afirmação de que os recursos distribuídos a parlamentares tiveram origem em empréstimos bancários tomados às instituições financeiras Rural e BMG. Para membros da CPI, há a possibilidade de que, na verdade, o empresário seja um intermediário de recursos públicos e privados, por meio do superfaturamento de contratos de serviços prestados por suas agências de publicidade.(TB, com agências noticiosas)