Título: Em meio a incertezas, uma nova bateria de vacinações
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2005, Agronegócios, p. B10

Em meio às incertezas que ainda preocupam pecuaristas e frigoríficos de carne bovina brasileiros - com suspeitas de aftosa sob investigação no Paraná e embargos em países importadores por conta da crise aberta pelos casos no Mato Grosso do Sul -, começa hoje (dia 1º), oficialmente, a segunda etapa do programa federal de vacinação contra a doença em 15 Estados e no Distrito Federal. Incluídos no rol, Goiás, Rondônia e São Paulo, entretanto, anteciparam o início dos trabalhos. Conforme o Ministério da Agricultura, a área de abrangência desta segunda etapa de vacinação envolve 161,2 milhões de bovinos (mais de 80% do rebanho nacional) e cerca de 1 milhão de bubalinos (97% do rebanho nacional). E, segundo Jamil Gomes de Souza, coordenador-geral de combate a doenças do Departamento de Defesa Animal do ministério, a expectativa é que a cobertura por parte dos pecuaristas fique acima da média. "Em outros anos com a doença em países vizinhos o nível de cobertura aumentou", afirmou. Segundo ele, se cerca de 90% do rebanho for vacinado o nível de cobertura terá sido satisfatório. "O importante é que os trabalhos sejam realizados com calma e qualidade. A segunda etapa da campanha de vacinação termina em 30 de novembro, e não é preciso correr", alertou Souza. A não ser em casos excepcionais - como pequenas propriedades em locais estratégicos ou alguns assentamentos, por exemplo -, os custos da vacinação são do próprio pecuarista. Segundo ele, cada dose sai por entre R$ 1,20 e R$ 1,40. Em evento ontem (dia 31) em São Paulo, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, revelou as prioridades sanitárias definidas pelo governo federal após a crise gerada pelo ressurgimento da doença. Segundo ele, o governo quer laboratórios de análises clínicas e infecciosa de referência internacional. "Não temos nenhum deste porte no país". Conforme o ministro, o governo está negociando a liberação de R$ 54 milhões com o Ministério da Fazenda para equipar quatro laboratórios existentes - Pedro Leopoldo (MG), Campinas (SP), Goiânia (GO) e no Rio Grande do Sul. Um concurso público para a contratação de 610 técnicos de nível médio e outros 250 técnicos de nível superior para reforçar a defesa também deverá ser aberto. Parcerias com o setor privado para a organização de missões a países importadores que fecharam as portas para produtos brasileiros completam a receita. Rodrigues mostrou-se preocupado com a demora na divulgação dos resultados dos testes que estão sendo feito sobre as suspeitas no Paraná. Segundo a secretaria de Agricultura do Estado, os testes envolvem 21 animais das cidades de Amaporã, Grandes Rios, Maringá e Loanda. Os resultados devem sair esta semana. As quatro são considerados áreas de risco sanitário no Paraná desde ontem, e o trânsito de animais e produtos no Estado está restrito. No Mato Grosso do Sul, a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) informou que os abates dos animais em animais em fazendas com rebanho infectado com a doença continua. E continuaram, finalmente, as reuniões entre veterinários de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai para evitar a disseminação da doença pela América do Sul. Também continuam os trabalhos de uma missão da OIE no Mato Grosso do Sul e Paraná.(FL e MS)