Título: Com sobra de caixa, Centrus paga benefício extra
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2005, Finanças, p. C1

A Centrus, fundo de pensão dos funcionários aposentados do Banco Central, vai tomar uma atitude pioneira no segmento de fundos de pensão e pretende pagar uma espécie de bônus aos beneficiários do plano, chamado de benefício não programado. Esta já é a segunda medida tomada para resolver um 'problema' que todos gostariam de ter: sobra de dinheiro. No início deste ano, a Centrus já tinha reduzido as contribuições da patrocinadora e dos participantes, mas mesmo assim o superávit continuou alto. "Queremos separar R$ 800 milhões do superávit num fundo que vai gerar os benefícios não programados. Isso funcionaria como uma espécie de 14º salário", explica o presidente da Centrus, Pedro Alvim. Com a segunda maior carteira de ações, em termos percentuais, do segmento, a Centrus aloca 38,66% do portfólio total de R$ 7,7 bilhões na renda variável. Alvim explica que o fundo partiu de um déficit de R$ 200 milhões em 1999 para o atual superávit de R$ 2,1 bilhões com uma reestruturação completa da carteira de investimentos. "O fundo tinha muitos CDBs e debêntures, além de ações com problemas de liquidez ou de governança. Fizemos uma análise profunda da antiga carteira de ações e das 52 empresas, reduzimos para 26 que nossa equipe considerou mais promissoras e com boa liquidez", lembra Alvim. O dirigente diz ainda que um outro foco importante dessa carteira é o pagamento de dividendos. "Sempre procuramos boas distribuidoras de resultados e só com o que recebemos de dividendos ano passado foi possível pagar cinco meses de benefícios", conta Alvim. A carteira da Centrus tem ainda 40% dos montantes alocados na renda fixa e apenas 4,3% em imóveis. Há uma parcela significativa de 12,6% que corresponde a uma dívida antiga da patrocinadora com o fundo. A sobra de superávit também vai beneficiar a patrocinadora, que poderá usar sua participação na sobra de caixa para abater o débito. (CV)