Título: UE chegou ao "limite" de concessões para acordo agrícola, diz diplomata do bloco
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2005, Brasil, p. A3

A União Européia diz que chegou ao "limite" de concessões no setor agrícola nas negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial de Comércio (OMC), e está cobrando os demais parceiros, como o Brasil, a mostrar as "cartas" nas áreas industrial e de serviços. Esse é o recado do diretor-geral adjunto de Relações Exteriores da UE, Hervé Jouanjean, que está visitando o Brasil. "Atingimos o limite do que podemos fazer em agricultura, e só o faremos se conseguirmos algo substantivo em troca", disse ontem, após palestra na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo. Os comentários de Jouanjean, espécie de vice-ministro de Relações Exteriores da UE, aconteceram no mesmo dia em que ministros de Brasil, União Européia, Estados Unidos, Índia e Japão se reuniram em Londres em busca de um avanço nas negociações da Rodada Doha. As conversas prosseguem hoje em Genebra, sede da OMC. Jouanjean recomendou aos países que levem a sério a ameaça da França de vetar um acordo que vá muito longe na eliminação dos subsídios agrícolas durante a conferência ministerial de Hong Kong, em dezembro. "Lembrem-se do que aconteceu no acordo de Blair House". O chefe da delegação da Comissão Européia em Brasília, João Pacheco, explica. No final da Rodada Uruguai, os franceses fizeram com que a UE e o governo dos EUA renegociassem o acordo que ficou conhecido como "Blair House". Apesar de criticado pelos países em desenvolvimento, o acordo era muito liberalizante para a França. Sobre as negociações para um acordo entre Mercosul e União Européia, que estão praticamente paralisadas desde outubro de 2004, Jouanjean mantém o otimismo e diz que a UE está pronta a fazer um grande esforço para que o acordo seja fechado até a cúpula América Latina-Europa em maio, em Viena. "Estamos prontos para colocar todos os nossos recursos humanos para fechar as negociações até o encontro de Viena. " Ao se referir ao último encontro entre ministros da UE e do Mercosul para tratar da negociação, em setembro, em Bruxelas, ele alfinetou: "Foi nossa iniciativa organizar o encontro ministerial e tivemos que convencer o ministro Amorim (Celso Amorim, ministro de Relações Exteriores do Brasil) a vir, o que não é sempre tarefa fácil". (RL)