Título: França já vê prejuízo para a economia
Autor: Agências internacionais
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2005, Internacional, p. A7
A onda de violência na França deverá ter impacto negativo na economia do país. A presidente do Medef (a principal associação empresarial da França) alertou ontem que as conseqüências dos distúrbios em grandes cidades serão sentidas de forma "severa". Para Laurence Parisot, os setores que mais sofrerão são os de turismo e hotelaria, mas haverá grande prejuízo em geral devido aos danos causados pelos manifestantes em prédios e instalações. Os investimentos também podem ser afetados. "Não estamos vendo greves, como as de 1995, nem um Maio de 1968. Um número de insatisfeitos está atacando símbolos fortes da República francesa, como escolas e símbolos da liberdade de pensamento, como igrejas", disse. "A imagem da França fica abalada. É a atração da França que está em questão". Vários governos estrangeiros - americano, britânico, japonês e australiano, por exemplo - já recomendaram a seus cidadãos que estão de visita ou residem na França para que permaneçam nas zonas consideradas mais seguras. Laurence faz críticas ao desempenho do governo Chirac e lembrou que grande parte dos 13 bilhões de euros destinados ao Ministério da Coesão Social ainda não foi usada. "Acompanhamento personalizado voltado ao emprego, formação alternativa, geração de segunda oportunidade, não faltam medidas concretas que visam reduzir o abismo social", disse ela. Segundo Laurence, tampouco "está em questão cruzar os braços nos esforços de integração por parte das empresas". No que diz respeito à discriminação racial, acrescenta, o governo francês também está mostrando pouca determinação. A presidente da Medef disse que propôs aos sindicatos uma negociação em 2006 para a "diversificação", com o objetivo de "fazer tudo o possível para evitar a discriminação na gestão de carreiras, mas também quanto à idade."