Título: Aftosa gera divergência
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 12/11/2005, Economia & NEGÓCIOS, p. A20

União questiona resultado do Paraná e estado comemora

O Ministério da Agricultura e o Governo do Paraná estão divergindo a respeito da existência ou não de focos de febre aftosa no rebanho do estado. Após a divulgação de que os exames realizados no Laboratório Nacional de Apoio Agropecuário (Lanagro) do Paraná não detectaram a existência da doença, o governador Roberto Requião (PMDB) afirmou categoricamente que o rebanho do estado estava livre do vírus. Em nota divulgada ontem, porém, o ministério enumerou as razões para afirmar porque não é possível ser conclusivo o resultado. O pronunciamento do governo federal só veio três dias após o governo paranaense ter descartado a ocorrência da doença, baseado no laudo duvulgado pelo Lanagro, ligado ao Ministério da Agricultura. Para o governo federal, não é possível dizer que o Paraná está livre de aftosa, primeiro, porque o próprio estado relatou que os animais apresentavam sintomas da doença. Segundo, porque os testes do Lanagro são insuficientes e não conclusivos, sendo necessários outros exames. No entanto, a presença de aftosa no Paraná foi descartada anteontem tanto pelo governador Requião quanto o secretário da Agricultura do Paraná, Orlando Pessuti. O governador criticou o laboratório pela demora na realização dos exames. - O que atrapalhou foi a lentidão e uma ineficácia do laboratório que não tinha condições de isolar o vírus e completar os testes - disse Requião. Eles também cobraram do Ministério da Agricultura a suspensão das restrições para trânsito de animais e venda de produtos nos 36 municípios considerados pelo governo federal área de risco da doença. Desde o anúncio da primeira incidência de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, no dia 10 de outubro, 49 países impuseram restrições a produtos brasileiros e já foram detectados 22 focos no Estado. Ontem, os fiscais federais agropecuários decidiram manter a paralisação nacional da categoria por tempo indeterminado. O movimento foi deflagrado na segunda-feira. Segundo exportadores de carne, a paralisação está atrapalhando o embarque do produto nos portos do país.