Título: Aço e gasolina pressionam IPC e IGP em novembro
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2004, Brasil, p. A5

As primeiras medições da inflação no mês de novembro sinalizam uma elevação mais forte nos preços praticados no varejo. A recente alta do aço e da gasolina já impactaram os índices de preços calculados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e Fundação Getúlio Vargas (FGV). Na primeira quadrissemana deste mês, o IPC da Fipe subiu para 0,65%, acima do fechamento de outubro (0,62%) e da expectativa da instituição, que esperava uma variação de 0,45% em novembro. O aumento de 1,58% nos preços dos transportes - provocado pelo reajuste da gasolina nos postos, que já chega a 4% - contribuiu com 0,25 ponto percentual no índice cheio. Para o resultado fechado de novembro, o impacto será maior, uma vez que na semana passada os preços do álcool foram reajustados em 14% nas bombas. E, como a Petrobras pode reajustar novamente os preços da gasolina, o economista Paulo Picchetti, coordenador da pesquisa de preços da Fipe, prefere, por enquanto, não fazer novas previsões para o mês.

A cesta de produtos industrializados calculada pela entidade, apesar de se manter quase estável, segue em alto patamar, 0,69%. Por outro lado, os alimentos in natura, que tinham impactado negativamente o IPC, mostram agora trajetória descendente, e passaram de 0,28% em outubro para 0,17% nesta primeira medição de novembro. Se esse será um ponto de alívio, o mesmo não deve ocorrer com o item despesas pessoais, que nesta medição avançou de 0,31% para 0,44%. Até o final do mês, a tendência é de alta no grupo, pois os cigarros foram reajustados em 10% e devem contribuir com 0,08 ponto percentual no índice. Os demais segmentos pesquisados pela Fipe seguem comportados. Habitação foi de 0,69% para 0,71%, saúde subiu de 0,38% para 0,42%, vestuário cedeu de 1,1% para 0,84%, e educação passou de 0,02% para 0,07%. Já a primeira prévia do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), da FGV, ficou em 0,33% neste mês, frente a uma taxa de 0,05% na mesma parcial de outubro. A contribuição maior para essa alta ficou por conta do aumento dos preços de aço, que teve reflexos sobre o atacado, com elevação de 2,4% no item metalurgia. E também sobre o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), que subiu para 0,90%, ante previsões em torno de 0,45%. Os combustíveis e as matérias-primas derivadas de petróleo também mostraram alta nesta previsão, lembra Ricardo Denadai, da LCA Consultores. Já os preços ao consumidor (IPC) foram de uma deflação de 0,06% na primeira prévia de outubro para taxa positiva em 0,15% agora. O ramo transportes exerceu a maior pressão e passou de -0,40% para 1,42%. Ao mesmo tempo, os preços no atacado (IPA) subiram de 0,04% para 0,31%, puxados pelo aumento de 0,90% nos preços industriais. Os preços agrícolas contrabalançaram, com queda de 1,37%. Na opinião de Denadai, os preços industriais alcançaram seu pico e a tendência para daqui em diante é de arrefecimento. "Com exceção do petróleo, pois é difícil prever seu comportamento", explica.

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