Título: Alckmin busca visibilidade para viabilizar candidatura
Autor: Raymundo Costa
Fonte: Valor Econômico, 16/11/2005, Política, p. A10

Candidato em potencial para disputar a Presidência em 2006 pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sustenta o clima de unidade no ninho tucano e mantém viagens a redutos eleitorais para firmar seu nome fora do Estado. Sem perder a discrição, evita ataques diretos ao governo federal, mas critica a ineficiência da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de visitar Estados como Ceará, Bahia, Piauí, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Rio de Janeiro nos últimos meses, a agenda de viagens do tucano marca também roteiros internacionais. Há uma semana, o paulista deu início a visitas a Israel e Índia, para participar de congressos sobre a política e economia brasileiras e fazer negociações comerciais com empresários asiáticos. "Gosto muito de estudar. Em política não se improvisa. Tenho me dedicado a estudar, ouvir, levar experiências", registrou. "Mas a escolha de candidato é no ano que vem. O PSDB estará unido para servir o Brasil". Alckmin mantém um discurso moderado em relação ao governo federal e tenta minimizar o abalo na política econômica com a possível saída do ministro da Fazenda, Antonio Palocci: "Nós da oposição temos responsabilidade e não podemos colaborar para que a situação se agrave. Não vamos tornar a situação mais delicada do que está. Mas também não se pode confundir responsabilidade com impunidade". Entretanto, o tucano não deixa de desfiar críticas ao "imobilismo" e "marasmo" do governo. "Estamos com uma carga tributária muito alta e investimentos públicos muito baixos, com sérios problemas na infra-estrutura", disse em entrevista por telefone, na Índia. "Não sou adepto do não gastar. O superávit é necessário, mas o governo está fazendo superávit por não conseguir gastar. Nosso desafio é melhorar a qualidade do gasto público. Tenho visto o governo não conseguir executar tarefas", afirmou. Caso seja candidato, o tom dos discursos de Alckmin aos empresários brasileiros deve ser o mesmo que fez aos asiáticos: a defesa da diminuição da carga tributária, do aumento das exportações e dos investimentos.