Título: Receita dos fabricantes de autopeças aumenta 36%
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 16/11/2005, Empresas &, p. B9

A indústria de autopeças vai bater recordes de receita e de exportação neste ano. O faturamento do setor deverá chegar a US$ 22,5 bilhões, incremento de mais de 36% em relação ao ano passado. Em ritmo mais acelerado, a capacidade ociosa caiu neste ano à metade do que era quatro anos atrás, um indicativo da iminência de futuros investimentos. O saldo positivo da balança comercial do setor, que deve chegar a US$ 500 milhões até dezembro, é o mais alto da última década. Uma conseqüência do crescimento das exportações, que chegarão neste ano a US$ 7,2 bilhões, um avanço de 18,9% em comparação com o resultado de 2004. O presidente do Sindicato Nacional dos Fabricantes de Componentes Automotivos (Sindipeças), Paulo Butori, lembra que parte do crescimento expressivo do faturamento do setor deve ser debitado da valorização do real. Mesmo assim, apesar de um câmbio desfavorável às vendas externas, boa parte dos fabricantes de componentes terá pelo menos mais um ano de bons volumes de exportação pela frente, segundo prevê Butori. Ao contrário das montadoras, mais propensas a perder a venda do veículo quando o preço sobe, na indústria de autopeças, boa parte das empresas é fornecedora das linhas de produção de montadoras no exterior e está, por isso, amarrada a contratos que, segundo Butori, prevêem até multas em caso de descumprimento. É por isso que, mesmo com prejuízos, muitos fabricantes de peças tendem a continuar exportando bem em 2006. As maiores empresas, que pertencem a multinacionais, podem, no entanto, perder já contratos para filiais de outros países por determinação da matriz. É o caso da Bosch. Segundo Butori, o aumento da atividade na indústria de autopeças, decorrente não apenas do crescimento das exportações das próprias empresas do setor como também do efeito de aumento de exportação de veículos, traz uma situação incomum. "A maioria das empresas não está ganhando dinheiro, mas está conseguindo amortizar custos fixos", afirma o dirigente. Uma das conseqüências desse quadro é a queda da ociosidade. Em 2001, o setor trabalhava com 28% de capacidade ociosa, em média. Nos dois anos seguintes, a média caiu apenas dois pontos percentuais. Já em 2004, a ociosidade atingiu 15% e neste ano o setor deverá fechar com 13%. A rentabilidade média está em 3%. O nível de emprego também cresceu. Somente neste ano, foram abertas 11 mil vagas, o que elevou o efetivo total em 5,88%, num total de 198 mil trabalhadores. Butori aposta num crescimento de 8% a 10% no mercado brasileiro de veículos em 2006, o que pode, segundo ele, ajudar a compensar a perda com as exportações ou até elevar o ritmo de produção. O Sindipeças está agora envolvido em uma campanha para convencer o governo federal a devolver ao setor o redutor de 40% nas alíquotas de Imposto de Importação. Somente na Bosch, que importa 30% das peças, os prejuízos com o fim do redutor chegarão a R$ 24 milhões por ano, segundo o seu presidente, Edgar Garbade. Ele diz que os componentes importados, de eletrônica e peças mecânicos de alta precisão, não têm similar no mercado nacional. (MO)