Título: Lula deve fazer defesa do ministro em sanção da MP
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2005, Política, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sancionar hoje a MP 255, chamada MP do Bem, que estabelece benefícios fiscais para empresas exportadoras, para produtores de software para exportação, compradores de imóveis e de computadores domésticos, entre outros benefícios. Na cerimônia deverá fazer um forte discurso em defesa da política econômica comandada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, segundo anunciou ontem o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante. A sanção e o discurso deverão ser a resposta de Lula às críticas que teriam deixado Palocci sem apoio após as críticas à política econômica feitas pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Essa medida, que devolve imposto à sociedade, é a maior defesa da política fiscal", disse Mercadante. O argumento de Mercadante foi usado pelo ministro Palocci em audiência ontem, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, quando lembrou que a aprovação da medida deve gerar renúncia fiscal equivalente a R$ 5 bilhões. Na proposta do governo a renúncia seria de R$ 3 bilhões, concessões ampliadas no Congresso. Ontem, Lula defendeu, durante abertura da 3ª Convenção Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília, os fundamentos da economia brasileira. "O Brasil está com uma base sólida para deixar de ser eternamente um país emergente e se transformar, definitivamente, num país grande e desenvolvido". Mas, ao contrário do que era esperado pelos políticos do governo e da oposição, em nenhum momento Lula citou o nome de Palocci ou assumiu abertamente o apoio ao ministro ou à política fiscal por ele executada. Lula enumerou todas os "fatores positivos" da economia: crescimento econômico, do emprego, da massa salarial, a queda da inflação, o crescimento do poder de compra do salário mínimo, do superávit de conta corrente, das exportações, da balança comercial. Lula criticou seus antecessores, alegando que o Brasil sempre foi pensado de quatro em quatro anos, nunca foi pensado para 20 anos ou 30 anos. "O país que é pensado apenas de quatro em quatro anos, a Nação fica tão medíocre quanto os dirigentes que a dirigiram". Lula garantiu que está aberto a cobranças, especialmente da sociedade. "A obrigação da sociedade civil organizada é, cada vez mais, cobrar. Mesmo quando o governo possa dizer que não tem dinheiro para atender". Reconheceu que pode não gostar da pressão, mas que ela é natural. "Não se incomodem, que eu não sou daqueles que ficam irritados com a cobrança, porque na minha vida inteira eu cobrei. Posso até não gostar, mas jamais demonstrarei que não estou gostando". O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, defendeu a cautela do presidente em não citar o nome de Palocci na abertura do evento. Segundo ele, o público era específico, tornando imprópria qualquer menção além da feita por Lula: "O presidente colocou as questões na dose exata".