Título: Elétricas, fundos e investidores disputam Light
Autor: Heloísa Magalhães, Raquel Balarin e Chris Martinez
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2005, Empresas &, p. B7

Energia Goldman Sachs começa a analisar hoje as propostas; processo deve terminar no primeiro trimestre de 2006

O banco de investimentos Goldman Sachs começa a analisar hoje as propostas dos interessados na aquisição de parte dos ativos da francesa EDF no Brasil - a Light, que atua na distribuição de energia elétrica no Rio de Janeiro e tem cinco usinas hidrelétricas, e a térmica Norte Fluminense. O prazo para a entrega das propostas terminou ontem. Segundo o Valor apurou, empresas do setor apresentaram planos de aquisição do controle das hidrelétricas, enquanto grupos unidos a investidores financeiros ofereceram propostas para o conjunto dos ativos. Foram permitidas ofertas para o conjunto ou para ativos isolados. No processo, também não foi fixado o percentual de participação da EDF que está à venda. O grupo francês - que passa por um processo de abertura de capital no exterior - determinou apenas que seja feita a venda do controle. A EDF deve permanecer minoritária. O grupo tem cerca de 90% do capital da Light e da Norte Fluminense. Entre os interessados, a GP fez sozinha uma proposta para a compra do conjunto dos ativos, segundo fontes próximas à negociação. A empresa, que entrou no setor de energia com a compra da Cemar, estuda a Light há três anos e não teve interesse em se associar a nenhum sócio estratégico. A Andrade Gutierrez Concessões lidera um consórcio formado por Cemig e investidores privados representados pelo presidente da Alstom, José Luiz Alquéres, e Ronnie Vaz Moreira (ex-presidente da Globopar). Cada um tem um terço de participação no consórcio. A AG está montado um fundo de investimentos com a administradora de recursos Angra Partners que pode vir a ser o veículo responsável pelo negócio. O fundo ainda depende do registro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A família Gouvêa Vieira também apresentou proposta, em parceria com o fundo de investimento inglês Millennium, especializado em infra-estrutura, com patrimônio de US$ 4 bilhões. Os Gouvêa Vieira são acionistas do grupo Ipiranga, mas estão entrando no negócio com patrimônio próprio. O grupo conversou com a Petrobras, mas como a estatal tem 10% da Norte Fluminense e se interessa pelo controle da térmica, as negociações não avançaram. Uma quarta proposta foi apresentada por um fundo de investimento americano, cujo nome não foi revelado. Um executivo informou que, embora esse fundo tenha feito uma oferta "muito boa", tem interesse em se associar a outras instituições em uma segunda etapa, caso continue no processo. As propostas apresentadas ontem são indicativas. A Goldman Sachs irá analisá-las e escolher de três a quatro grupos para participar da etapa seguinte, de verificação de números ("due dilligence"). A expectativa é de que a segunda etapa tenha início em dezembro. O processo seria concluído no primeiro trimestre de 2006. As ofertas levaram em conta obrigações assumidas pelo BNDES quando da aquisição de cerca de R$ 720 milhões em debêntures conversíveis da Light, em julho. O banco se compromete a converter em capital R$ 2 para cada R$ 1 de aumento de capital na empresa, até o limite de 50% da emissão de debêntures. A cada ponto percentual de redução de perdas de energia, o BNDES se compromete a converter 15% do estoque das debêntures, também até o limite de 50%.