Título: Paralisação continua
Autor: Magalhães, Camila
Fonte: Correio Braziliense, 01/05/2010, Cidades, p. 38

UnB

Professores decidem em assembleia manter a greve iniciada há quase dois meses. Reivindicam uma solução definitiva para os problemas da categoria e para os técnicos-administrativos

Prestes a completar dois meses, a greve da Universidade de Brasília (UnB) permanece sem previsão para acabar. Em assembleia na manhã de ontem, os professores decidiram que a paralisação continua. A categoria considera que ainda é cedo para a suspensão, além de defender o apoio aos técnicos-administrativos. ¿Precisamos de uma solução para os nossos problemas¿, destaca Flávio Botelho, presidente da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB). Na reunião, ele defendeu uma discussão que indique o término da greve, mas retirou a proposta. Uma outra assembleia será realizada na próxima terça-feira, às 8h30.

Cosmo Balbino, coordenador-geral do Sindicato dos Técnicos-administrativos da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), ressalta que os problemas salariais devem ser resolvidos como um todo. ¿Como a UnB está parada, por mais que os professores queiram dar aula, é impossível sem a presença dos servidores. Fazemos parte de todo o processo, desde laboratórios e secretarias até a biblioteca e o restaurante universitário. Sem isso como vai se trabalhar?¿, questiona.

Na última quarta-feira, os funcionários foram surpreendidos com o entendimento do Tribunal Regional Federal da 1ª Região de que o processo pela manutenção da URP dizia respeito a apenas 204 servidores aposentados nos anos 1990. O julgamento foi suspenso porque a desembargadora Mônica Sifuentes pediu vista do processo. No entanto, o voto dela não deve mudar a situação. A turma é formada por três desembargadores e dois julgaram indevido o pagamento integral da parcela, que representa 26,05% dos salários. Com isso, os servidores deverão devolver o valor recebido.

¿Nós tínhamos a certeza de que todos estavam na lista da ação judicial e, de repente, aparece uma decisão só para 204 pessoas. Vamos ter que correr atrás¿, comenta Balbino. A categoria se reúne em nova assembleia também na terça-feira, no mesmo horário dos professores. Na ocasião, os advogados do sindicato devem apresentar as estratégias judiciais para assegurar o pagamento da URP aos cerca de 3,5 mil funcionários que não foram citados. Se a decisão desfavorável do TRF for mantida, o Sintfub ainda pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Após as assembleias, os grevistas seguirão em mais uma carreata até a sede provisória da Presidência da República, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A ideia é cobrar soluções do governo federal. O comando de greve unificado decidiu na última quinta-feira que ¿é notória a necessidade de as ações jurídicas e políticas dos servidores caminharem na mesma direção das ações dos professores e dos aposentados¿. O processo judicial dos docentes, ¿baseado em autonomia e isonomia¿, aguarda decisão do STF. Ainda não há data prevista para o julgamento.

A decana de ensino e graduação da UnB, Márcia Abrahão, adianta que a universidade não está trabalhando com a hipótese de cancelamento deste primeiro semestre, mas de prorrogação das aulas até o verão. ¿O segundo semestre letivo de 2010 não vai mais terminar em dezembro. Deve ir até, no mínimo, fevereiro¿, acredita a decana.

No entanto, a decisão está nas mãos do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), com participação de representantes de todos os cursos. Quando terminar a paralisação, o conselho se reunirá para discutir o calendário acadêmico da UnB. Apesar de a UnB ter enfrentado várias greves em seu histórico, nenhum semestre foi cancelado nos últimos 30 anos. Houve apenas suspensões.

Alunos reclamam O clima de indefinição incomoda muitos estudantes. Para Alberto Batista, 19 anos, do 5º semestre de engenharia de redes, o pior é a falta de previsão das atividades acadêmicas. ¿Não posso programar nada porque a greve pode acabar a qualquer momento.¿ O colega Renan Bittencourt, 20, preocupa-se com os prejuízos mais para a frente. ¿Vamos perder as férias e ter três semestres em dois. Não dá para aprender direito assim.¿ Bruno Rosal, 20, aluno de ciência da computação comenta que o maior problema é que alguns professores continuam em aula e outros não.

A formatura de Amanda Lombardi, 21 anos, pode ficar para depois. Neste semestre, a ideia era concluir duas disciplinas, apresentar o trabalho final e entrar num emprego em período integral. ¿Não sei quais são os prazos para entregar minha monografia. E as duas matérias foram parando aos poucos.¿

Como a UnB está parada, por mais que os professores queiram dar aula, é impossível sem a presença dos servidores

Cosmo Balbino, coordenador-geral do Sintifub

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Bomba explode em lixeira da UDF

O que era para ser mais um dia de aula no Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) acabou no hospital e na delegacia na manhã de ontem após uma bomba explodir dentro da lixeira em um dos corredores da faculdade. A ocorrência foi registrada na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), que está investigando o caso com a universidade. A estudante levada ao hospital não quis se identificar. Com a explosão ela ficou muito nervosa e trêmula, mas não teve nenhuma lesão grave.

De acordo com a 1ª DP, identificados os autores, eles podem responder por diversos crimes, como explosão, exposição a perigo de vida, de lesão corporal, caso haja danos à integridade física da estudante que ficou abalada com a explosão.

Essa foi a segunda vez que uma bomba explodiu na UDF esta semana. Terça-feira, um explosivo foi colocado também em uma lixeira, no pátio da faculdade. ¿Ouvimos um estrondo alto, mas não saímos da sala para ver o que era. Pouco depois começou a entrar um cheiro forte de pólvora na sala¿, lembrou o aluno de direito Henrique Oliveira, 20.

A instituição não atendeu à reportagem, mas em nota, divulgada pela assessoria de imprensa após a primeira explosão, afirmou que não houve feridos e que ¿instaurou sindicância interna e irá aplicar com rigor as sanções previstas ¿ que vão de advertência até a possível expulsão do aluno¿. Segundo a nota, a segurança no câmpus teria sido reforçada, para coibir reincidentes.