Título: Para 49% dos empresários do interior de SP, 2006 será melhor, aponta pesquisa
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2005, Brasil, p. A5

Os empresários do interior paulista estão otimistas em relação ao cenário político e econômico do próximo ano. Mesmo com a crise política, os juros elevados e o câmbio valorizado, 49% dos executivos ouvidos pela consultoria PricewaterhouseCoopers acreditam que 2006 será melhor do que 2005, enquanto somente 9% esperam que o novo ano será menos favorável. Luís Marini, sócio da consultoria e coordenador da pesquisa, avalia que os empresários ouvidos estão apostando na continuidade do aquecimento do comércio internacional e na estabilidade econômica do Brasil para obter bons resultados no próximo ano. Ele afirma que as críticas à política econômica e à carga tributária são recorrentes, mas a estabilidade vivida pelo país desde 2004 é vista com bons olhos pelo setor produtivo. A principal reclamação das empresas é a alta carga tributária. Ela é vista como a vilã dos negócios por 54% dos empresários. Em segundo lugar vem a política cambial, apontada por 44% dos entrevistados como o fator que mais impacta as atividades da companhia. O conjunto da política econômica atual do governo é vista como negativa para os negócios por 53% dos entrevistados. No entanto, mesmo com um real mais valorizado do que o desejado pelos executivos, 33% das empresas aumentaram suas exportações neste ano em relação a 2004, sendo que apenas 13% mostraram redução nas vendas externas. Para 23%, o cenário permaneceu estável. Segundo Marini, os juros altos inviabilizaram investimentos para reduzir custos e racionalizar a produção, por exemplo. "O empresário precisa gastar para depois conseguir reduzir seus custos. Mas eles têm optado por trabalhar mais apertados e adiar novos investimentos", avalia. A opção foi por trabalhar mais pensando no curto prazo, deixando de lado a mudança de processo de produção e do desenho dos negócios, explica Marini. Conseqüências do custo mais alto de produção foram a redução do preço de comercialização de produtos e serviços por 37% das empresas e a diminuição do lucro de outros 38%. Boa parte das empresas não conseguiu repassar preços, relata Marini. Houve redução das margens por competição acirrada. Mesmo com esse fatores negativos, as empresas não se sentiram inibidas: 52% delas aumentaram o quadro de funcionários e 61% elevaram o nível de capacitação técnica. "Elas apostaram no crescimento da economia", diz. A pesquisa foi feita durante os meses de setembro e outubro de 2005 com executivos de 140 empresas do interior de São Paulo, que empregam 97 mil funcionários diretos e faturam de R$ 38 bilhões por ano. Desse total de empresas, 23% estão no ramo industrial, 19% no agronegócio, 10% em serviços e 7% são varejistas.