Título: Vendas do varejo crescem em setembro
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2005, Brasil, p. A5

Conjuntura Melhor desempenho foi dos bens semiduráveis, ligados ao aumento da massa salarial

As vendas do comércio varejista do país cresceram 5,62% em setembro em comparação com igual período do ano passado. Foi o 22º mês de expansão neste tipo de comparação, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com agosto, as vendas ficaram estáveis, com variação de apenas 0,01%, enquanto a receita nominal cresceu 0,83%. Os analistas de varejo esperam, para os próximos meses, uma trajetória de crescimento moderado da economia de tal forma que a evolução, no ano, fique entre 3,6% e 4,5% na comparação com 2004, segundo projeções das consultorias Austin Rating e Tendências Consultoria. O indicador de vendas do varejo em setembro (em relação a agosto), embora indique estabilidade, é melhor do que o verificado na passagem de julho para agosto, quando mostrou queda de 0,17%, segundo dados revisados pelo IBGE. No acumulado do ano, o quadro também é de estabilidade pois até agosto o resultado somava 4,86% e agora está em 4,98% de alta em relação a 2004. Por segmento, o resultado de setembro reflete o melhor desempenho dos setores de bens semiduráveis - cujas vendas são vinculadas à evolução da massa salarial -, e uma desaceleração mais intensa dos itens que respondem a crédito. Em setembro, o comércio de tecidos, vestuário e calçados cresceu 4,4% em relação a agosto e 11,5% em relação a setembro do ano passado. Já as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 2,6% na comparação com agosto e cresceram 12,3% na comparação com setembro do ano passado, percentual bem inferior aos 16% de julho e agosto. Já as vendas de equipamentos de informática, estimuladas pela queda nos impostos que permitiu redução no preço, registraram expansão de 53% em relação a setembro do ano passado. De acordo com a pesquisa do IBGE, das oito atividades do varejo que fazem parte do levantamento, apenas uma registrou retração nas vendas na comparação com setembro do ano passado: combustíveis e lubrificantes, que teve queda de 7,14%. O segmento de hipermercados e supermercados registrou expansão de 3,86% no comércio, na mesma comparação. Para a consultoria Tendências, a desaceleração em vendas vinculadas ao crédito é explicada, em parte, pelo "Índice de Confiança do Consumidor" (ICC), elaborado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo, "que se encontra em níveis bastante depreciados", como reflexo da crise política que vem se prolongando. Em outubro, o índice diminuiu mais um ponto porcentual, sendo que em setembro ele apresentou uma queda de 13 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Além da deterioração da confiança do consumidor, a LCA Consultores credita a desaceleração na demanda por bens duráveis a uma possível "saciedade" da mesma, já que, segundo a consultoria, "as vendas do setor acumulam expressivo crescimento de 67,2% entre junho de 2003 e junho de 2005".(Agências noticiosas)