Título: BB reorganiza suas operações com empresas
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2005, Finanças, p. C1

O Banco do Brasil (BB), maior banco brasileiro em ativos, está reformulando sua área Corporate, divisão que atende as grandes empresas - com faturamento acima de R$ 100 milhões anuais. O modelo de plataformas de negócios, adotado há três anos, está sendo substituído pela centralização das operações em um único espaço, nas duas cidades onde se concentram 50% dos clientes: a capital paulista e a cidade de Campinas, a 100 km de São Paulo. A área Corporate, que tem em seus cadastros todos os mil principais grupos empresariais do país (cerca de 3 mil empresas), ficará centralizada na Av. Paulista, em frente a uma das sedes da instituição, no prédio São Luiz Gonzaga. Em Campinas será sediada na Galleria Corporate. Toda a equipe - 70 gerentes de contas, 70 assistentes de atendimento e mais de 150 profissionais de apoio na prestação de serviços - será baseada nas duas novas sedes, que substituem sete escritórios abertos em 2002 para servir de plataforma de negócios, explicou Sandro Marcondes, novo diretor da área. Em todo país, são 17 agências corporate com 200 gerentes de negócios no total. "Com a unificação", explica Marcondes, "eu tenho uma visão maior das cadeias (produtivas) e os profissionais (de atendimento) poderão se especializar em microssegmentos". O novo formato foi apresentado aos clientes em um evento ontem à noite. Fazendo um balanço do corporate, Marcondes disse que o modelo anterior gerou crescimento em todas as linhas de negócios do banco com as grandes empresas. A carteira de crédito aumentou 22,4%, de R$ 14 bilhões para R$ 17,2 bilhões, entre 2003 e 2005 (o BB registrou um total de R$ 95 bilhões em crédito no último balanço). Os empréstimos em dólar cresceram 28%, para R$ 5,3 bilhões, e em reais aumentaram 5%, para R$ 10,4 bilhões. Nas operações de vendor, em que o banco empresta para uma empresa financiar seus clientes, o BB registrou quase R$ 9 bilhões nos primeiros nove meses de 2005, sendo 85% para as grandes empresas. Marcondes disse que o BB ganhou espaço entre as grandes empresas enquanto seus concorrentes recuaram: "Se você analisar os balanços (dos outros bancos), todos tiveram involução". Ele acredita que este é o momento para investir e ganhar espaço neste mercado. "Os grandes negócios estão nas grandes empresas", afirmou. Na verdade, todos os grandes bancos têm áreas dedicadas às grandes empresas, mas alegam que esse é um mercado hiperconcorrido, no qual a força econômico-financeira dos clientes muitas vezes é maior que a dos bancos, o que leva à redução dos "spreads" e a uma superoferta de produtos e serviços. Daí as estratégias mais voltadas para as micro, pequenas e médias empresas e para o crédito ao consumo. Segundo apurou a agência Bloomberg, o BB também está expandindo sua divisão de mercados de capitais devido à expectativa de que as vendas de ações no Brasil crescerão cerca de 50% em 2006, em comparação ao recorde de US$ 4,25 bilhões deste ano. O banco transferiu 12 funcionários de outros departamentos para a divisão que cuida de subscrições de bônus e ações recentemente, depois de não ter sido contratado para estruturar nenhuma Oferta Pública Inicial (OPI) este ano, disse Francisco Duda, diretor de mercados de capitais e operações de banco de investimento do BB. "Queremos reforçar, potencializar a divisão de subscrição de ações", disse. O banco caiu para a 9ª posição no ranking do setor de subscrição de ações em 2004, comparativamente à 7ª colocação que ocupava em 2003, segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid). O Ibovespa, principal indicador das ações brasileiras, alcançou seu recorde no mês passado. Este ano já registrou alta de 18%, o que pode levar mais empresas a vender ações em OPIs no ano que vem, prevê Duda.