Título: Caixa disputa as remessas de brasileiros em Portugal
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 21/11/2005, Finanças, p. C3

De Olho Nos Imigrantes Convênio com BCP dá acesso a 1.015 agências

A Caixa Econômica Federal acertou os termos de um convênio com o Banco Comercial Português (BCP) Millennium para que imigrantes residentes em Portugal façam remessas de dinheiro ao Brasil. A parceria faz parte de uma estratégia da Caixa, lançada em meados do ano passado, para conquistar uma participação de 10% do mercado de remessas unilaterais, estimadas em US$ 5,2 bilhões anuais pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Com o convênio, as 1.015 agências do BCP em Portugal, segundo maior banco no país, passarão a ter um selo com a marca "Caixa Aqui - Brasil". Não há estatística exata sobre quantos brasileiros vivem em Portugal, mas estimativas dão conta de um número entre 80 mil e 130 mil. A Caixa está interessada em particular no grupo de 36 mil brasileiros que já são clientes do BCP. O acordo com o banco português é o terceiro passo da Caixa na disputa pelo mercado de remessas internacionais. A primeira investida ocorreu em 2004, com a criação de um produto que permite que sejam realizadas remessas com cartões internacionais emitidos no exterior. Neste ano, a Caixa já havia assinado um outro convênio com o BCP Millennium para que as 18 agências desse banco nos Estados Unidos e nove no Canadá passassem a fazer transferências de brasileiros. As comunidades brasileiras e portuguesas nesses dois países vivem geograficamente próximas. O próximo passo será fincar um pé no Japão, o segundo maior mercado nas remessas de brasileiros. "Estamos em negociação com um conglomerado de bancos regionais no Japão e esperamos iniciar a operação no início de 2006", diz o presidente da Caixa, Jorge Mattoso. Está nos planos da instituição também fazer remessas no sentido inverso: recebendo recursos de imigrantes portugueses no Brasil e enviando-os a Portugal. A parceria com o BCP em Portugal é vista pela Caixa como um ponto de entrada na Europa, onde se localiza o terceiro maior contingente de brasileiros. Países como Inglaterra e Itália, com grandes colônias de brasileiros, também despertam o interesse. Mattoso diz que a atuação da Caixa no mercado de remessas cumpre, de um lado, uma política social, de reduzir custos dessas transações; de outro, faz parte da estratégia do banco de criar uma carteira de câmbio. Estudo feito pelo BID mostra que boa parte das remessas internacionais é feita por mecanismos informais, com custos mais elevados aos clientes. Pelos cálculos do BID, as remessas somam US$ 5,2 bilhões ao ano, mas as estatísticas oficiais do BC só capturaram US$ 3,268 bilhões em 2004. Pelos caminhos informais, as remessas chegam a pagar taxas superiores a 10% (a média é 8,5%), e a taxa de câmbio nem sempre é conhecida na contratação. Desde março, as remessas feitas pela Caixa a partir dos EUA somaram US$ 16 milhões, ainda uma pequena parcela do volume anual de operações do país, estimado em US$ 2 bilhões. A Caixa cobra 2,5% e a taxa de câmbio é fechada com base na cotação média do dólar no dia.