Título: Venda de petróleo infla exportações do mês
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2005, Brasil, p. A3

Comércio exterior Média diária cresce 16% , mas alta cai pela metade se combustíveis ficam fora do cálculo

Período de tradicional queda das exportações, o mês de novembro, este ano, continua marcado pelo aumento das vendas externas, mas os resultados da terceira semana do mês confirmam um fenômeno identificado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi): o comércio de uma única classe de produtos, petróleo e derivados, está inflando os resultados positivos do comércio externo. O resultado das exportações acumulado na semana passada chegou a US$ 6,88 bilhões, com saldo de US$ 2,75 bilhões acima das importações do período. Com o resultado, o saldo positivo do comércio exterior, neste ano, já soma US$ 39,1 bilhões, e as exportações, US$ 103,5 bilhões. Como notou o Iedi, na análise relativa à segunda semana de novembro, o grande aumento das exportações, neste mês, parece bem menos expressivo se descontadas as vendas externas de petróleo e derivados. Comparada a outubro deste ano, a média diária das exportações em novembro cresceu quase 16%, mas esse aumento baixa quase à metade (8,06%) quando se retira do cálculo o item petróleo e derivados. Este item teve aumento de 114% em comparação a outubro, e 219,9% em relação à média diária de novembro de 2004. Apesar da ressalva apontada pelo Iedi e da cotação do dólar caindo em relação ao real - o que torna menos atraente a exportação porque os preços, em dólares, não acompanham os custos em moeda nacional - a balança comercial continua apresentando resultados impressionantes de desempenho. Na comparação com novembro de 2004, o aumento na média das exportações, nas últimas três semanas, foi de 40,5%. O valor médio das exportações, por dia, foi de US$ 555,3 bilhões na terceira semana, maior que a média de qualquer mês anterior. O peso do petróleo e derivados (US$ 76,8 bilhões diários, em média) não impede que novembro, mesmo sem se considerar esse item, possa ser considerado um dos meses de maior média diária de exportações da história. As vendas vêm perdendo ligeiramente o fôlego, semana a semana, porém. Na primeira semana, a média diária das vendas externas havia ficado em US$ 680,7 bilhões, e, na semana passada, a média diária havia caído para US$ 555,3 milhões. Mas essa queda é insuficiente para comprometer as expectativas de bons resultados em novembro. Na lista das principais mercadorias de exportação do país, os produtos metalúrgicos, os minérios, os produtos têxteis e fumo têm mostrado capacidade de explorar com vigor o mercado externo, com aumentos expressivos, em relação às médias registradas em outubro deste ano e em novembro de 2004. Em uma indicação de que os aumentos de preços internacionais para commodities e determinados bens industrializados estão ajudando o desempenho da balança comercial, as exportações de produtos metalúrgicos tiveram aumento de 22% em relação ao mesmo mês do ano passado, e quase 35% em relação a outubro; os minérios, quase 16% em relação a outubro e 66,6% em relação a novembro de 2004. As importações continuam crescendo, ainda que em menor ritmo que as exportações, impulsionadas pela compra de produtos siderúrgicos, automóveis e equipamentos mecânicos. Na terceira semana do mês, as compras no exterior ficaram, em média, por dia, 13% acima de novembro do ano passado, e 10% acima da média de outubro.