Título: Câmara tenta derrubar verticalização
Autor: Thiago Vitale Jayme e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2005, Política, p. A8

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, trabalha com a expectativa de concluir, nesta semana, a votação em primeiro turno da proposta de emenda constitucional (PEC) que derruba a regra da verticalização para a eleição presidencial de 2006. A regra obriga os partidos a repetirem, nos Estados, a aliança nacional. A agenda cheia da Casa, no entanto, poderá dificultar os planos de Aldo. A Câmara terá que votar hoje a Medida Provisória 261, que libera créditos suplementares para ministérios, e está pendente também a apreciação do projeto de lei que reajusta os soldos dos militares. Mas o que deve mesmo embolar a pauta é o projeto de cassação do ex-ministro José Dirceu, previsto para ser votado em plenário. Os governistas contam com a hipótese de fim da verticalização, o que seria positivo para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O cenário provável é que a maioria dos partidos libere as respectivas bancadas, pois o que determina a vontade do parlamentar em relação ao tema é a realidade local. O PT e o PSDB, no entanto, deverão, no discurso, defender a manutenção da verticalização. Todos os partidos estão divididos em relação ao tema. O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), trabalha com a perspectiva de poucos embates no plenário e de apoio da maioria pelo fim da verticalização. "O PT historicamente foi favorável à verticalização, mas não da forma como foi feita na eleição presidencial passada. Foi algo sob encomenda, para favorecer o PSDB", ponderou o petista. Ele disse que "numa análise abstrata", a verticalização pressupõe uma noção de política nacional, de partidos fortes e orientados por teses e programas de governo. O mais provável, no entanto, é que a Câmara derrube a regra. Como é PEC, é preciso o voto de pelo menos 308 deputados a favor do fim da verticalização. Se aprovada na Câmara em dois turnos, ainda terá que ser apreciada no Senado.