Título: Para Paulo Bernardo, divergência é "briga de amor"
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2005, Política, p. A9

"Briga de amor". Esta foi a expressão usada ontem pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para definir as divergências entre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e a equipe econômica, em torno da proposta de ajuste fiscal de longo prazo. Provocado pelos jornalistas, ele tentou minimizar a crise, dizendo ser "natural" a diferença de opiniões entre ministros do atual governo. "Não podemos nos ater a uma ou outra frase, a uma ou outra expressão mal colocada. Temos que diminuir a temperatura do debate. Não dá para ficar batendo boca. Temos que debater com naturalidade", defendeu o ministro, quando perguntado se ainda havia clima dentro do governo para se retomar a discussão sobre a proposta. "Nunca foi do meu feitio fazer debates acalorados", acrescentou. Bernardo lembrou que, pelo atual texto constitucional, a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), parte importante da arrecadação do governo federal, só tem vigência até final de 2007. O mesmo se aplica à Desvinculação de Receitas da União (DRU), mecanismo que reduz o grau de vinculação das receitas orçamentárias, ajudando na obtenção de superávits primários. Dado o impacto negativo que isso teria em suas contas, o governo precisa achar uma solução para o fim da CPMF e da DRU. "Resta saber se fazemos essa discussão antecipadamente ou se deixamos para resolver lá na frente", afirmou o ministro. Bernardo não vê preferência de Lula por Dilma Rousseff. "O presidente Lula apóia todos os seus ministros. Esquisito seria apoiar um e não apoiar outro".