Título: Diferentes realidades e metas, com um mesmo caminho
Autor: Danilo Fariello
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2005, EU &, p. D1

O livro "Estudos de Caso de Boa Governança Corporativa" serve de guia para as empresas que buscam as boas práticas. Nele estão as experiências de executivos que, para solucionar problemas do dia a dia, como sucessão, ofertas públicas ou reestruturações, acabaram por descobrir as vantagens da governança. Dentro do grupo, há casos como o da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), que assumiu compromissos desde antes da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês). Há também a Ultrapar, conglomerado químico que adotou esse caminho para superar problemas de sucessão familiar, motivação similar à da Suzano. Já a peruana Buenaventura adotou a mudança para preparar sua oferta pública de recibos de ações em Nova York (ADRs) e, com esses recursos, explorar uma jazida de ouro. Ao longo do livro, espalham-se expressões comuns a quase todas as empresa, como: aumento de liquidez, transparência, ética, credibilidade. São esses os resultados apresentados pela maioria. A CPFL Energia, por exemplo, precisou adotar a governança para convencer seus minoritários de que uma estrutura com oito acionistas majoritários poderia ser pacífica. No Novo Mercado da Bovespa, a empresa vem conseguindo reverter prejuízos registrados no ano passado. No caso da NET, a motivação para aderir ao Nível 2 de governança corporativa foram emissões dirigidas aos mercados externo e interno para levantar recursos destinados à expansão de infra-estrutura. No livro, ela reconhece que é sempre difícil determinar com algum grau de certeza o que impulsiona o valor de uma empresa. "No entanto, é difícil evitar a conclusão de que, se a NET não tivesse implementado normas mais avançadas de governança corporativa, o preço de suas ações (...) não teria se tornado tão expressivo." Com garantias de governança, a Natura foi bem recebida pelo mercado em sua oferta inicial, mesmo em tempos difíceis na economia. Na colombiana Cemento Argos, desde a primeira fábrica, parceiros foram convidados a ser sócios. Hoje, com faturamento anual de US$ 760 milhões, o respeito com acionistas permanece como regra. Será difícil outras empresas não encontrarem pelo menos um caso similar ao seu no livro, diz Sandra Guerra, coordenadora do Círculo das Companhias. Segundo ela, as empresas foram escolhidas com o objetivo de abordar diferentes ramos de atuação e os problemas particulares de gestão. (D.F.)